Para advogado do petista, revelações feitas na segunda-feira durante depoimento de Eduardo Leite, ex-executivo da Camargo Corrêa, evidenciam a possível conexão 

A Operação Lava Jato pode estar colaborando em caráter não formalizado com o governo dos Estados Unidos. É o que suspeita a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” desta quarta-feira (23/11).

Em entrevista à publicação, Cristiano Zanin, um dos advogados do petista, declarou que a revelação feita em audiência de que o Ministério Público Federal estaria trabalhando junto com autoridades americanas “parece não estar de acordo com o tratado que o Brasil firmou em 2001 com os EUA que coloca o Ministério da Justiça como autoridade central para tratar esse tipo de questão”.

A defesa se referia ao depoimento feito nesta segunda (21) pelo ex-executivo da Camargo Corrêa Eduardo Leite. Na ocasião, o delator chegou a dizer que foi procurado pelo Departamento de Justiça americano por intermédio de representantes da Lava Jato, mas voltou atrás em sua declaração, após reação do procurador Diogo Castor de Mattos e do juiz Sergio Moro.

Durante o depoimento, Zanin perguntou a Leite se a Lava Jato havia de fato intermediado o contato, mas foi interrompido por Mattos, que argumentou que perguntas sobre colaboração no exterior haviam sido indeferidas em depoimento anterior. Moro sugeriu, logo em seguida, não haver problemas, uma vez que a testemunha estava disposta a falar, mas o procurador voltou a protestar.

O delator, por fim, afirmou que “gostaria de consertar”. “Do procedimento, eu não tenho domínio, quem tem é meu advogado. Eu entendo que deve ter havido uma comunicação”, finalizou.

Em nota, o MPF afirmou que “o assunto em questão é sigiloso” e que, portanto, não se manifestaria. A Justiça também não respondeu à “Folha”.