Defesa de Jair Bolsonaro afirma que ele não tem ‘absolutamente nada a ver’ com 8 de Janeiro

03 setembro 2025 às 12h04

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Durante a primeira parte da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, o advogado Celso Vilardi questionou as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e afirmou que a delação de Mauro Cid não é confiável. Segundo ele, Bolsonaro não tem “absolutamente nada a ver com o plano Punhal Verde e Amarelo e com o 8 de Janeiro”. Para ele, Bolsonaro foi levado para as ações investigadas. Este é o segundo dia do julgamento.
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Segundo Celso Vilardi, Bolsonaro “não atentou contra o estado democrático de direito e não há uma única prova”. O advogado afirmou ainda que não existem provas que o relacionem à situação, nem mesmo a minuta do golpe e “nem o delator, que eu sustento que mentiu contra o presidente da República” teria dito que houve participação no plano e nos atos antidemocráticos em Brasília.
Durante sua sustentação oral, Vilardi argumentou que Bolsonaro não pode ser acusado de instigar os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, do ponto de vista jurídico, afirmando que para que um crime seja investigado, é necessário direcionamento e fato determinados. No entanto, ele afirmou que o Supremo Tribunal Federal compreende que os crimes foram coletivos, “multitudinário”, cometidos por uma multidão.
“Como o plano não se consumou, mas atingiu seu auge?”, pergunta Vilardi sobre a acusação de que o golpe só não aconteceu porque não houve adesão do comando. O advogado ainda defendeu que o Bolsonaro “evitou” o caos quando pediu que os caminhoneiros desobstruíssem as vias que bloquearam pelo Brasil ao protestarem a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições. Assim, questionou a tese de que o caos nacional seria usado como justificativa e para dar legitimidade ao golpe.
Bolsonaro é acusado de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena varia de 4 a 8 anos de prisão); golpe de Estado (4 a 12 anos); organização criminosa (3 a 8 anos); dano qualificado (seis meses a 3 anos); deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos).
Críticas à delação de Cid
O advogado Celso Vilardi criticou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid ao pontuar que a própria Polícia Federal (PF) reconheceu “omissões e contradições” nos depoimentos do ex-ajudante de ordens. Também afirmou que o depoimento foi apresentado e posteriormente alterado pelo delator, e que essas contradições seriam suficientes para anular a colaboração. “Esse homem não é confiável”, disse ele sobre Mauro Cid.
“Ele mudou a versão várias vezes. E isso não sou eu que estou dizendo, é, na verdade, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, no último relatório de novembro, quando se disse que ele tinha inúmeras omissões e contradições”, declarou.
A minuta do golpe estava no celular de Cid, segundo o advogado, que negou que Bolsonaro tenha discutido o documento com os comandantes da Marinha e do Exército. Afirmou ainda que depois de uma reunião de dezembro no Alvorada, o assunto se deu por encerrado. “Assunto encerrado gerar uma pena de 30 anos não é razoável”, afirmou.
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