O vice-governador de Goiás, Daniel Vilela (MDB), espera que a planta para a mineração de Terras Raras no município de Nova Roma, no norte de Goiás, comece a operar a partir de março de 2026. Vilela se reuniu, na tarde desta quarta-feira, 22, com executivos da mineradora Aclara Resources e secretários estaduais para discutir o projeto. De acordo com Daniel, a principal discussão da reunião foi sobre os impactos socioeconômicos na região.

“Nova Roma é uma cidade com 3,4 mil habitantes que vai receber um dos maiores investimentos do nosso Estado. É uma discussão que iniciou no ano passado e que queremos colocar em funcionamento em março de 2026 e que vai demandar mais de 7 mil trabalhadores na região, seja para a construção da planta ou para o trabalho na mineração”, disse. Ele aponta que para suportar esse aumento da população na região, o Estado irá investir em infraestrutura para desenvolver economicamente a região.

A expetativa de investimento da multinacional peruana é de R$ 2,8 no processamento de terras raras, minério encontrado em poucos países, como China e Austrália. O acordo de intenções com a empresa foi assinado em agosto do ano passado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) e envolve a construção de uma planta de mineração e a exploração do minério. O empreendimento deve gerar aproximadamente 5,7 mil novos empregos diretos e indiretos, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da região.

Os minerais, em especial um novo elemento pesado, hospedado em argilas iônicas no “Módulo Carina” abrange cerca de 1,4 mil hectares com potencial de expansão lateral. A Aclara Resources, que tem o grupo Hochschild Mining como um dos principais acionistas, vai investir cerca de R$ 2 bilhões na produção de minerais em terras do município. A empresa, que tem quase 100% das obras concluídas na região, pretende iniciar a exploração de ouro no primeiro semestre de 2024.

Dependência e recado à Trump

O vice-governador Daniel Vilela lembrou que a China detém as maiores reservas de terras raras do mundo, mas destacou o potencial da mineração em Goiás. Ele cutucou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou que o país não depende do Brasil. “Essa exploração nos coloca numa posição de sermos líderes na produção dos mineiros e pode fazer com que muitos países sejam dependentes da nossa produção. O presidente Trump disse que precisa muito pouco do Brasil, e talvez com esse investimento e tantas possibilidades no Estado de Goiás, os Estados Unidos passem a depender de Goiás”, alfinetou.

O Brasil tem a terceira maior reserva de terras raras no mundo, com 21 milhões de toneladas, ao lado da Rússia, e o país pode se tornar um dos cinco maiores produtores do minério nos próximos anos. Esses minérios tem uma ampla gama de aplicações devido às suas propriedades químicas, magnéticas e ópticas fundamentais para muitas tecnologias modernas e processos industriais como telas de dispositivos eletrônicos, turbinas eólicas, veículos elétricos e etc.

Exploração com consciência ambiental

A secretária de Meio Ambiente e Agricultura de Goiás, Andrea Vulcanis, destacou que a exploração dos minérios deve receber atenção redobrada pelo significativo impacto ambiental. “É um empreendimento que traz muitos benefícios, a economia se desenvolve, as pessoas se desenvolvem, mas a variável ambiental precisa ser bem resolvida. Vamos avaliar os impactos sobre a biodiversidades, impactos geológicos e precisamos conhecer como vai ser a atividade e qual o risco para endereças soluções ambientais para todo esse esforço”, disse.

Além do impacto ambiental, a secretária destaca o impacto do empreendimento sobre comunidades tradicionais de uma comunidade ainda em desenvolvimento. “É uma cidade pequena que vai receber um investimento muito alto e que vai crescer muito da noite para o dia. Então é preciso preparar a cidade com saneamento, água e serviços públicos como segurança e bombeiro, educação, e uma série de fatores que o licenciamento ambiental analisa e absorva para que tenhamos um empreendimento sustentável”, analisa.

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