Crítico das medidas de Caiado, Sandro Mabel celebra crescimento econômico, mas retomada veio com luta contra coronavírus
31 janeiro 2021 às 12h38

COMPARTILHAR
Sem medidas de isolamento e ampliação de leitos, Goiás não teria atingido retomada econômica provada em números de geração de empregos

Crítico de primeira hora das medidas de isolamento social adotadas pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) ainda em maio do ano passado, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, celebra o primeiro lugar no aumento de postos de trabalho em 2020.
Mabel atribui o resultado à “resiliência e coragem dos empresários goianos e à contribuição da federação” com a proposta de retorno seguro às atividades em função da pandemia. No entanto, age com contradição ao não reconhecer que foram as medidas do governo estadual para fortalecimento do sistema de saúde que permitiram com o estado não entrasse em colapso durante a crise da Covid-19 e, assim, ter uma retomada econômica favorável.
Mabel chegou a criticar o fato de o estado ter acolhido brasileiros repatriados da China na Base Área de Anápolis. Na ocasião, o presidente da Fieg chegou a emitir nota contrária à decisão em abrigar os brasileiros resgatados durante a pandemia no continente asiático.
Mabel ainda criticou as medidas de isolamento social propostas por Caiado quando pacientes goianos foram identificados com o vírus, em maio do ano passado. Entretanto, foram essas medidas de isolamento que permitiram que o estado pudesse organizar o sistema de saúde e ampliar os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que estavam concentrados em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis, para o estado afora.
A partir desta ampliação dos leitos de UTI foi possível que houvesse uma abertura gradual da economia para que impedir que Goiás tivesse um colapso no sistema de saúde.
O próprio Mabel reconhece agora os números revelados pelo Caged, que colocam Goiás em 1º lugar na geração de empregos no Centro-Oeste e em 5º no ranking nacional. Diz ele que “evidenciam a grande força da indústria goiana e demonstram os resultados positivos de nossa luta pela manutenção da atividade industrial e dos empregos durante a pandemia da Covid-19”.
“Ao me deparar com os números do Caged, confesso a vocês, me emocionei”, diz. Para o presidente da Fieg, “a indústria fez a parte dela garantindo empregos, criando novas vagas, fazendo com que as famílias goianas tenham à disposição alimentos, medicamentos, materiais de higiene e limpeza e todos os demais produtos necessários ao enfrentamento da pandemia”.
Para se ter uma ideia, até janeiro de 2019, Goiás contava com apenas 269 leitos de UTI concentrados nos municípios de Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia. Com a pandemia, o estado aumentou dez no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol); 11 no Hospital Regional de São Luis dos Montes Belos; dez no Hospital Regional de Formosa; 30 no Hospital de Campanha de Águas Lindas e 14 no HCamp de Porangatu.
O secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, informou ao Jornal Opção que a ampliação segue neste ano para dar conta da segunda onda com a nova cepa do coronavírus, que já atinge Goiás.
No Hospital do Servidor, de Goiânia, os atuais 86 leitos devem ser ampliados para 102 de forma imediata. Além disso, o estado abrirá mais 30 leitos de UTI em Itumbiara, 4 em Formosa, 30 no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), 10 em Anápolis, 11 em Senador Canedo. E no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás deve chegar até 150 de UTI.
“Tudo que abrimos durante a pandemia mantivemos aberto. Nossa capacidade atual é mais do dobro da primeira onda e vamos ampliar mais. Somente abrir leitos e só gestão da saude não supera a pandemia. Se a populção não ajudar, não tem leito que abra que seja suficiente”, alerta o secretário.
Especialistas e números do mundo todo provam que a retomada econômica só vem com o devido tratamento da pandemia da Covid-19. Sem medidas eficazes para conter o coronavírus não há possibilidade de um pleno e duradouro crescimento econômico. Basta ver os números da China e da Alemanha para atestar como a luta contra o vírus se reflete nos dados econômicos.