Com apenas 9 anos, menina entra para um dos índices mais traumáticos, o do abuso sexual infantil

Apenas nove anos e um histórico sofrido. No interior de Goiás, a 100 km de Goiânia, em Indiara, uma mãe de 26 anos resolveu ler o diário da filha, e teve a mais triste surpresa que uma mãe poderia ter: sua criança era violentada desde os quatro anos por parentes próximos. Depois de conversar com a filha, a mulher foi à delegacia e denunciou seus familiares,entre eles seu pai, avô da menina.

A criança de Indiara passou a fazer parte de um triste índice. Em 2013, a infância de 262 crianças foi roubada, segundo dados da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) de Goiânia. O estupro de vulnerável é a violência cometida contra crianças e adolescentes de até 14 anos. Em 2012, foram registrados na delegacia 227 casos entre estupros de vulnerável e tentativa. Em 2013 a DPCA ainda registrou 42 casos de estupro de adolescentes entre 15 e 17 anos, sendo que um ano antes foram 39. Até abril deste ano, a delegacia já registrou 89 casos de estupro de vulnerável.

Com nove anos, ela era violentada não só pelo avô, como também pelo marido da avó materna, o padrinho dela e o padrinho da irmã. No diário, a letra da menina relatava fatos dolorosos de “coisas” que os suspeitos faziam e que ela não gostava. Os quatro suspeitos foram presos na última quinta-feira (29).

O delegado Queops Barreto, titular da Delegacia de Indiara, afirmou que três deles confessaram terem praticado os abusos, sendo que um permaneceu calado. O exame de corpo de delito confirma que não houve relação sexual, mas a marca dos toques ficarão na mente da criança violentada. A psicóloga Luana Oliveira de Souza, que até o mês passado trabalhava na DPCA, explicou que na maioria dos casos não existe sinais físicos (rompimento himenial ou anal), o que não significa que a dor será menor. “Os efeitos psicológicos de uma masturbação, de um toque genital, de um sexo oral, ou de qualquer contato sexual, estará presente e dificilmente é apagado da memória.”

Mesmo sem penetração, o delegado explica que o estupro de vulnerável não se restringe somente a conjunção carnal. “Qualquer ato lascivo que caracterize de forma vulgar, o abuso de vulnerável, é tipificado como abuso de vulnerável”, explica Barreto. Desta forma, todos serão indiciados pelo crime de estupro de vulnerável e podem pegar de 8 a 15 anos de prisão.