CRF chama atenção para aumento do consumo de medicamentos durante pandemia
05 maio 2020 às 16h18
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Alerta é feito no Dia do Uso Racional de Medicamentos. Conselho destaca desinformação como responsável pelo aumento. Venda de cloroquina aumentou 73%
No Dia do Uso Racional de Medicamentos, comemorado nesta terça-feira, 5, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO) divulgou alerta em que aponta o aumento do consumo durante a pandemia de Covid-19. “O medo do novo coronavírus fez explodir a compra de alguns medicamentos”, destaca a publicação.
Conforme afirma o Conselho, o campeão do aumento nas vendas é a vitamina C, que segundo o CRF, foi divulgado falsamente como um preventivo ao coronavírus. Esse e outros detalhamentos são de um estudo encomendado pelos conselhos de Farmácia de todo o País, realizado pela consultoria IQVIA.
O levantamento analisou os três primeiros meses do ano, comparando com o mesmo período do ano passado. Além da vitamina C, o estudo aponta aumento na comercialização de vitamina D e da hidroxicloroquina, alvo de polêmica, já que tem seu uso ainda discutido para tratar a Covid-19, mas já é descartado como forma de prevenção.
Hidroxicloroquina
Em Goiás, a venda de hidroxicloroquina aumentou 72,97% nos três primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado e ficou acima da média nacional, que registrou crescimento de 67,93%.
O risco de automedicação com a substância que é indicada para tratar doenças graves como o lúpus eritematoso pode trazer graves danos. “Da mesma forma que a cloroquina (indicada para a malária, porém disponibilizada apenas na rede pública), a hidroxicloroquina pode causar problemas na visão, convulsões, insônia, diarreias, vômitos, alergias graves, arritmias (coração batendo com ritmo anormal) e até parada cardíaca, aponta o CRF.
O conselho ainda acrescenta: “O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes internados com teste positivo para o novo coronavírus ainda não tem evidências representativas. Portanto, se justifica apenas com supervisão e prescrição médica e passou a ser vendida apenas com retenção de receita, depois da corrida às farmácias em busca do medicamento”.
Automedicação
Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos últimos seis meses anteriores ao estudo, feito em 2019. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.
“Os porcentuais são uma clara demonstração da influência do medo sobre um hábito consagrado entre a população brasileira, o uso indiscriminado de medicamentos”, adverte a presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO), Lorena Baía.
O CRF-GO alerta que qualquer medicamento oferece riscos. “Todos os medicamentos têm efeitos colaterais e alguns podem ser fatais”, explica o diretor secretário do CRF-GO, Daniel Jesus, que é especialista e mestre em farmacologia.
Mesmo os isentos de prescrição podem causar danos, especialmente se forem usados sem indicação ou orientação profissional. Dependendo da dose o paracetamol pode causar hepatite tóxica. A dipirona oferece risco de choque anafilático e o ibuprofeno é relacionado a tonturas e visão turva. Já o uso prolongado da vitamina C pode causar diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça. E com a ingestão excessiva de vitamina D, o cálcio pode depositar-se nos rins e até causar lesões permanentes.