A maioria dos idosos estão expostos a um maior período de convivência com o agressor, que normalmente são familiares.

Os casos de violência contra a pessoa idosa na capital aumentaram cerca de 20% comparado ao mesmo período do ano passado. De acordo com o delegado titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Pessoa Idosa de Goiânia (DEAI), Alexandre Alvim, devido pandemia da Covid-19 a maioria dos idosos estão expostos a um maior período de convivência com o agressor, que normalmente são os familiares. E isso tem repercutido no aumento do número de casos.

Alexandre Alvim disse que no início da pandemia o número médio de denúncias caíram. O delegado revela que anteriormente a DEAI recebia uma média de 100 denúncias por mês, os números caíram nos dois primeiros meses de isolamento social para 25 em abril e 46 em maio, de 2020.

Para ele, isso foi um indicativo de subnotificação. Por isso, a delegacia iniciou diversas campanhas de conscientização para alertar a população da necessidade de denunciar. “Desde o início da pandemia já realizamos diversas campanhas no sentido de incentivar a denúncia de terceiros, sejam de vizinhos ou de outros familiares que percebem alguma situação anormal. A partir da denúncia podemos apurar o que realmente está acontecendo naquela residência, o que aquele idoso está vivenciando, se ele realmente está sendo vítima de algum tipo de violência”, pontuou.

Existem diversas formas de violência praticada contra o idoso, conforme apontado pelo delegado, os principais casos são maus tratos, situação de abandono e exploração financeira,  além de violências psicológica e sexual. Sendo que 80% dos casos os autores são os próprios familiares. Há ainda situações de crimes patrimoniais e estelionato.

Segundo a psicóloga Christina Silva Vieira dos Santos, os idosos já enfrentavam os riscos da violência doméstica por seus familiares mesmo antes da pandemia. “Com a necessidade do distanciamento social, as famílias estão isoladas no mesmo ambiente doméstico. Acredito que isso possibilitou o aumento da negligência e  da violência  física e psicológica contra os idosos”, relatou.

Para o delegado Alexandre, as punições em relação aos crimes previstos pelo Estatuto do Idoso são brandas. “Não ultrapassam cinco anos de reclusão. E o mínimo são seis meses. Em alguns casos, conseguimos realizar a prisão do agressor no momento da investigação da denúncia ou solicitamos a medida protetiva para que aquele agressor seja impedido de conviver com o idoso que está sendo vítima”, esclareceu.

Christina Silva Vieira dos Santos alerta para necessidade da conscientização do isolamento físico e dos cuidados paliativos. “Não podemos sujeitar nossos idosos aos riscos de contaminação e violência que acontecem sempre que alguém se omite ou não usa os métodos de prevenção à contaminação. É preciso ter consciência da prevenção e distanciamento,  e também no cuidado da saúde emocional dos seus idosos, tendo paciência e empatia por eles”.

As denúncias de violência contra a pessoa idosa podem serem feitas na sede da DEAI, localizada na Rua 227, no Setor Leste Universitário ou pelos telefones 3201.1501 ou 98412.9767 (WhatsApp), também de forma anônimas.