Após classificação óbvia contra adversário fraco, agora é jogo pra valer. Nos três treinos, não treinamos tão bem
Cezar Santos 

Não há muito o que falar, apesar de boa parte da imprensa ufanista dar cores de vitória épica contra um dos times mais fracos da Copa do Mundo 2014, Camarões. Deu o que tinha de dar: Brasil em 1º lugar – no saldo de gols, com 7 pontos, empatado com o México.

Portanto, não deu zebra. Sem maior aperreio, mas que em alguns momentos, principalmente no primeiro tempo, teve um tiquinho de sufoco.

Dos três adversários, apenas o México representava alguma coisa em termos de competitividade. E olha que o México também não é lá essas coisas – mas os brasileiros não conseguiram sair da marcação e ficaram no zero.

Com os outros dois, Croácia e Camarões, coadjuvantes classe D, marcamos sete gols, sofrendo dois. Os números dão bem o retrato do que foi essa primeira fase.

Os 4 a 1 do Brasil na esforçada, mas fraca equipe de Camarões encerraram a fase de treinamento para o que vem agora. O Brasil deu muito sorte no sorteio das chaves, pegando a mais fraquinha. Esses três jogos serviram para treinamento.

A Copa começa agora, contra o Chile. Mesmo sendo fregueses históricos, os chilenos podem complicar, se entrarem em campo com a leveza de franco-atiradores.

A Copa começa agora, porque é a fase de mata-mata. Quem perder, volta pra casa. Como já estamos em casa, se perdermos vamos chorar na cama da mamãe, que é lugarzinho quente.

Sobre o jogo propriamente dito, duas ou três coisas. Neymar vai se credenciando cada vez mais a ser o melhor do torneio. Ou seja, o melhor do mundo, de fato.

O meio de campo do Brasil está enrolado. Enrolou-se contra o México. Tanto está enrolado que a entrada de Fernandinho deu uma arejada no setor.

É isso. Vitória contra Camarões não enseja – pelo menos não deveria – ufanismos. O Brasil mostrou um bom futebol, mas a fraqueza do adversário foi flagrante.

Nota de destaque: o terceiro gol do Brasil foi um desses momentos em que o torcedor sente a beleza da magia do futebol: um golaço do artilheiro Fred, que não estava impedido.

Não tanto pelo gol, que foi a consumação, mas a marcação sob pressão que possibilitou a roubada de bola , a rapidez dos toques, a infiltração do zagueiro Davi Luiz jogando de ala e fazendo um centro perfeito. Lembrou o tic-tac da Espanha de quatro ou cinco anos atrás.

A Copa para o Brasil começa sábado, às 13 horas, em Belo Horizonte. Nos três treinos, não treinamos tão bem. Agora é jogo pra valer.