Contragolpe dos partidos esvazia a reforma e os conselhos que diminuiriam o Congresso
01 novembro 2014 às 11h22

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Menos poderosa, a presidente reeleita deverá repensar os projetos políticos e considerar o diálogo como algo aberto ao compartilhamento de poder

Menos de 48 horas depois de ser reeleita e propor o diálogo, a presidente Dilma trombou duas vezes no Congresso com lideranças de partidos aliados e da oposição, com a rejeição ao seu modelo de reforma política e à ideia de ter os conselhos populares como meios de operação paralela para orientar e fiscalizar os órgãos do governo, inclusive os de gestão indireta.
Mais fraca depois da reeleição pela modesta diferença de 3,28% de votos sobre o concorrente, tucano Aécio Neves, Dilma se torna vulnerável às vésperas do segundo governo, que se inicia daqui a dois meses. Sem tanto poder, terá de reexaminar os conselhos e a mudança do sistema político-eleitoral.
Se, há um ano, a presidente não conseguiu emplacar a reforma depois da agitação das ruas, não será mais fácil agora. O tema se destina a ser o mantra retórico a que Dilma recorre quando deseja mostrar ação ou programa político. Onde adormece a mobilização popular que ela prometeu para agitar a reforma com a mesma força urbana das Diretas Já?
A jogada é a mesma do ano passado e por isso não avança. Nada de novo no projeto de beneficiar o PT com uma mudança da Constituição definida por movimentos sociais organizados no clássico modelo petista. A diferença é que não se falou mais em constituinte porque, afinal, temos um Congresso recém-eleito e que ainda nem se instalou.
A presidente começa por propor um plebiscito onde o povo pautaria previamente aquilo que o Congresso deve mudar. A seguir, Dilma detecta as resistências e aceita que a consulta popular se faça posteriormente na forma de referendo, onde os eleitores diriam o que aceitam ou não na mudança aprovada pelos deputados e senadores.
Como plebiscito ou referendo, a reforma tutelaria a função legislativa do Congresso. Acontece que os parlamentares não parecem dispostos a terceirizar a organização do modelo pelo qual se elegem e reelegem habitualmente. Nem ceder seus empregos, no futuro, em favor de uma supremacia petista no parlamento.