Segundo conselho, modalidade de ensino não permite que aluno desenvolva as competências necessárias para o exercício da profissão

Nota veio após denúncia de que faculdade estaria oferendo curso na modalidade EaD em Goiás | Foto: Pixabay / Reprodução

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) divulgou, nesta quarta-feira (22/2), uma nota de repúdio à criação de cursos de graduação de Arquitetura e Urbanismo na modalidade de Ensino à Distância (EaD). De acordo com o órgão, esse tipo de ensino “não atende ao ideal desenvolvimento das plenas competências acadêmicas em Arquitetura e Urbanismo, necessárias e fundamentais para resguardarem o interesse social e a segurança pública”.

O CAU-GO lembra que a resolução do Conselho Nacional de Educação que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais determina que o curso contemple formas de integração entre a teoria e a prática. Esss habilidades teórico-práticas não podem, de acordo com o conselho, ser desenvolvidas sem o contato interpessoal direto, mesmo que o EaD preveja momentos presenciais.

“O estudo [no curso] se dá em atelier, no desenvolvimento de projetos, em constante interação aluno-professor”, defende o conselho. Segundo a nota, a falta do contato presencial prejudica o desenvolvimento das competências e habilidades necessárias para a realização de projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo e para o planejamento urbano. “Comprometimento que, no médio e no longo prazo, acaba por prejudicar a qualidade dos espaços e a segurança da sociedade como um todo”.

Segundo o CAU-GO, a denúncia envolvendo o curso de Arquitetura e Urbanismo na modalidade EaD é relativa à Universidade do Norte do Paraná (Unopar).

Conselho nacional

A posição do conselho estadual é a mesma do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil que se manifestou no último dia 16, afirmando que se manifesta oficialmente por meio de acordo com o Ministério da Educação (MEC) sobre os processos de autorização, reconhecimento e renovação dos cursos. Embora a maior parte dos pareceres tenha sido desfavorável à autorização, eles continuam a ser reconhecidos.

“Certamente o ensino EAD contribuirá para o agravamento do quadro de crise do ensino. Consideramos a importância da evolução tecnológica e das ferramentas de comunicação à distância, entretanto, entendemos que o ensino superior de Arquitetura e Urbanismo com critérios mínimos de qualidade, nas atuais condições, não é possível de outra forma que não seja presencial”, defende o CAU-BR.

Resposta

Em resposta ao Jornal Opção, a Unopar informa que o curso oferecido pela faculdade é semipresencial e que a grade horária é composta por 46% de aulas presenciais e 54% à distância, assim como mandam as diretrizes estabelecidas pelo MEC e o Conselho Nacional de Educação. Confira a nota na íntegra:

A Unopar informa que o curso semipresencial Arquitetura e Urbanismo visa a conexão com a nova realidade do mundo digital. O projeto prima pelo desempenho dos alunos de forma a atender as demandas do mercado de trabalho e segue rigorosamente as diretrizes legais estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional de Educação (CNE), que regem o ensino brasileiro. O projeto pedagógico da graduação é composto por 46% de aulas práticas presenciais e 54% de atividades e conteúdos teóricos a distância. Para o acompanhamento das aulas práticas, o acadêmico encontrará uma infraestrutura devidamente equipada, docentes e tutores com formação específica (tanto presencialmente quanto a distância) e todo o suporte necessário para o desenvolvimento não só dos projetos, mas de maquetes, simulações e estudos específicos, todos previamente roteirizados e direcionados pelos profissionais envolvidos. Em compromisso com a transparência, a instituição permanece à disposição para quaisquer dúvidas adicionais.

*A matéria foi atualizada no dia 3 de março de 2017 para o acréscimo da posição da universidade