Conselho Curador do FGTS atualiza tetos e amplia acesso ao financiamento habitacional em Goiás
18 dezembro 2025 às 16h27

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O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aprovou, nesta quarta-feira, 18, uma nova atualização dos recortes territoriais que definem os valores máximos para compra, venda e investimento em imóveis financiados com recursos do fundo. A medida mira diretamente o encarecimento da construção civil e deve ampliar o acesso ao crédito habitacional para famílias com renda mensal bruta de até R$ 4,7 mil a partir do Orçamento de 2026.
A decisão beneficia metrópoles, capitais regionais e centros sub-regionais em todo o país e representa a terceira mudança promovida pelo colegiado apenas neste ano. Em Goiás, o impacto é imediato sobretudo em Goiânia e Aparecida de Goiânia, que tiveram os tetos reajustados após ficarem de fora da última correção.
Segundo a diretora de Comunicação Social do Sinduscon-GO, Carolina França Lacerda, o novo enquadramento corrige uma defasagem que vinha dificultando o acesso das famílias ao financiamento. “Goiânia passou de R$ 255 mil para R$ 270 mil e Aparecida de R$ 245 mil para R$ 255 mil. Isso significa que o valor de venda voltou a se aproximar do valor de avaliação dos imóveis, que vinha sendo pressionado pelo aumento dos custos da construção”, explicou ao Jornal Opção.

A dirigente lembra que o setor aguardava a revisão desde junho de 2023, especialmente para o chamado Faixa 2 do Minha Casa, Minha Vida. “A inflação acumulada nesse período foi bem superior aos reajustes agora concedidos, mas mesmo assim a correção já devolve parte da capacidade de compra das famílias”, afirma.
De acordo com o Conselho Curador, a atualização busca garantir maior aderência entre os limites de financiamento e a realidade do mercado, evitando que imóveis populares fiquem fora do alcance do público-alvo. Na prática, famílias que antes não conseguiam fechar negócio por estourarem o teto do FGTS voltam a ter acesso ao crédito.
“Uma família com renda em torno de R$ 5 mil, por exemplo, já não estava conseguindo financiar dentro dos limites antigos. Com essa nova condição, volta a ser possível”, diz Carolina. Ela ressalta que o impacto maior é para o comprador, ao alinhar renda, valor do imóvel e financiamento, sem estimular especulação. “No Faixa 2, os preços acompanham muito mais a renda do que qualquer movimento especulativo.”
O Sinduscon-GO também avalia que a sustentabilidade do FGTS não está ameaçada com a medida, desde que os recursos sejam aplicados corretamente. “O fundo bateu recordes de contratação e uso neste ano. Quando bem aplicado em habitação, saneamento e infraestrutura, há recursos suficientes. O que preocupa são usos fora dessa finalidade”, diz.
Além da correção dos tetos, o setor defende políticas complementares, como a cessão de terrenos públicos por estados e municípios para reduzir o custo final das moradias. “Quando o terreno entra como subsídio, isso pode representar um desconto de quase 10% no valor do imóvel, permitindo que famílias de renda mais baixa consigam comprar”, destaca Carolina.
Embora não haja uma data definida para a próxima revisão dos tetos, o acompanhamento deve continuar. “Diferente da renda, que é revisada periodicamente, o teto depende da percepção do Ministério das Cidades e do Conselho Curador. O setor vai seguir provocando esse debate para evitar novas defasagens”, completou.
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