Mary Anne MacLeod, mãe de Donald Trump, chegou aos Estados Unidos em 1930 com apenas US$ 50 no bolso, buscando uma nova vida em um país cheio de oportunidades. Nascida em Tong, na Ilha de Lewis, na Escócia, ela se juntou a milhões de imigrantes que, nas primeiras décadas do século 20, tentavam superar dificuldades econômicas e sociais em busca de trabalho e prosperidade nos Estados Unidos. Sua jornada começou aos 18 anos, quando deixou a Escócia para recomeçar em Nova York.

Ao contrário da versão que Donald Trump sempre divulgou sobre sua mãe, os documentos de imigração revelam que Mary Anne MacLeod não chegou aos Estados Unidos como turista, mas com o objetivo de residir permanentemente. Ela embarcou em 2 de maio de 1930 no navio Transilvania, partindo de Glasgow para Nova York.

De acordo com os registros de imigração preservados pela Fundação Estátua da Liberdade – Ellis Island, Mary Anne obteve um visto de imigração antes de sua viagem, o que confirma sua intenção de se estabelecer no país. “Ela veio com um visto de imigrante para ter residência permanente”, afirmou Barry Moreno, historiador do Museu Nacional de Imigração de Ellis Island, à BBC News Mundo.

Registros de imigração revelam a chegada de Mary Anne MacLeod aos EUA, mãe de Donald Trump | Fundação Estátua da Liberdade – Ellis Island

Sua chegada não foi um acontecimento isolado, mas parte de uma onda de imigração que atravessava o Atlântico na época. Mary Anne foi uma das muitas mulheres que emigraram da Escócia, motivadas por dificuldades econômicas e pela perda de homens devido a tragédias como o naufrágio de um navio no final da Primeira Guerra Mundial.

Ao chegar em Nova York, Mary Anne se juntou a três irmãs que já estavam estabelecidas nos Estados Unidos. O documento de imigração a descrevia como “doméstica”, o que provavelmente indicava que ela trabalharia como empregada em uma casa de família. Este trabalho, típico entre os imigrantes da época, garantiu a ela uma base para se estabelecer na cidade.

Embora MacLeod tenha vindo de uma família relativamente pobre, ela não era destituída. Seu pai, Malcolm, era responsável por uma agência de correios e uma loja local, o que permitiu à família viver de forma um pouco mais confortável do que muitos outros em sua comunidade.

Essa condição financeira relativamente melhor permitiu que Mary Anne pagasse por uma passagem de classe econômica para os Estados Unidos, sem recorrer à classe mais baixa de viagem, o que era comum entre imigrantes com recursos limitados. “Ela não era rica, mas teve o suficiente para viajar em segunda classe, o que demonstra que sua situação não era tão precária”, explicou o historiador Barry Moreno.

Ao longo dos primeiros anos nos Estados Unidos, Mary Anne estabeleceu sua residência permanentemente em Nova York, trabalhando e vivendo como imigrante. Ela retornou à Escócia em 1934, mas já havia obtido a autorização para reentrar no país, facilitando seu retorno a Nova York.

Durante esse período, ela se naturalizou cidadã americana em 1942, o que consolidou sua nova identidade como parte integrante da sociedade americana. Seu status de imigrante legal e suas conquistas pessoais demonstraram o impacto que uma imigração legal poderia ter, mesmo em uma época de restrições rigorosas à entrada de estrangeiros.

Donald Trump, em seu livro A Arte da Negociação, se referiu à mãe como uma “dona de casa tradicional” que era fascinada pelo mundo além de sua casa. Ele mencionou, por exemplo, que ela se encantava com a coroação da rainha Elizabeth II, refletindo uma admiração pela grandiosidade e pelo glamour da realeza.

No entanto, para o escritor Michael D’Antonio, que escreveu uma biografia sobre Trump, Mary Anne era uma mulher muito mais ambiciosa e inteligente do que o retrato de “dona de casa tradicional” sugere. “Ela era muito competitiva e ambiciosa, mas, naquela época, era difícil para as mulheres expressarem isso da mesma forma que hoje”, afirmou D’Antonio.

Após sua morte, em 2000, aos 88 anos, Mary Anne MacLeod foi lembrada por sua contribuição filantrópica. Seu obituário no The New York Times a descreveu como uma mulher dedicada à caridade, com a família Trump fazendo doações para o Exército da Salvação e o Boy Scouts of America, entre outras organizações.

Além disso, a família fez contribuições significativas à saúde pública, como a doação de um pavilhão ao Jamaica Hospital Medical Center. Esses gestos destacam o legado de Mary Anne como uma mulher que, mesmo com um começo modesto, teve um impacto positivo na sociedade americana.

A trajetória de Mary Anne MacLeod reflete a experiência de muitos imigrantes que chegaram aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Sua história, marcada por desafios e conquistas, não só ilustra a importância da imigração legal para a construção de uma nova vida, mas também como, apesar das dificuldades, imigrantes como ela foram capazes de prosperar e deixar uma marca no país.

Sua jornada de simples imigrante a mãe de um presidente dos Estados Unidos é um exemplo de resiliência e da promessa que os Estados Unidos sempre representaram para aqueles dispostos a recomeçar.

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