Concentração de renda em Goiás recua, embora os mais ricos detenham metade do rendimento do Estado
03 dezembro 2025 às 15h34

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Os dados mais recentes da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgada pelo IBGE revelam que, embora Goiás apresente sinais de leve redução da desigualdade, o estado mantém um padrão histórico de forte concentração de renda: em 2024, os 20% mais ricos da população concentram 52,4% de todo o rendimento domiciliar per capita, enquanto os 20% mais pobres seguem com participação muito reduzida no total. A análise comparativa com séries anteriores e com o cenário nacional indica avanços, mas também persistência de um quadro estrutural de disparidade.
A análise da distribuição mostra um quadro de forte assimetria. Os 10% mais ricos respondem por 36,7% do rendimento domiciliar per capita em Goiás, enquanto os 10% mais pobres concentram apenas 1,7%. O patamar praticamente repete o padrão observado desde 2012, ano em que começa a série histórica. Desde então, a participação dos grupos mais ricos sempre se manteve acima do 50% do total, atingindo seu menor nível em 2020 (50,2%).
Na comparação mais recente, o índice de 2024 (52,4% do total nas mãos dos 20% mais ricos) sinaliza uma pequena melhora frente ao resultado de 2023 (53,6%). Embora discreta, essa redução pode apontar um movimento de recuperação distributiva, possivelmente influenciado pela retomada econômica gradual no pós-pandemia, pela recomposição do mercado de trabalho e por políticas de transferência de renda implementadas nos últimos anos.
Goiás tem sétima melhor distribuição de renda do país
O Índice de Gini — principal medida internacional de desigualdade — reforça a leitura de leve redução das disparidades. Em 2024, Goiás registrou 0,462, resultado melhor que o do Brasil (0,504) e que coloca o estado na sétima posição entre as unidades federativas com distribuição mais igualitária.
Os melhores indicadores foram observados em Santa Catarina (0,430), Rondônia (0,442) e Mato Grosso (0,442). No lado oposto, ficaram Distrito Federal (0,547) e os estados de Pernambuco e Roraima (0,530), onde a concentração permanece elevada.
No âmbito nacional, o Gini de 2024 representa o menor valor da série histórica, indicando o melhor resultado já registrado no país em termos de igualdade de renda. Goiás também apresentou melhorias em relação a 2023 (0,472), mas a desigualdade estadual já foi menor em anos anteriores — especialmente em 2022, 2020, 2019, 2015 e 2014. O recuo recente, portanto, ainda não recupera integralmente o patamar mais baixo das últimas décadas.
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