Compartilhar o preparo e as refeições à mesa garante mais felicidade e bem-estar, diz estudo de Harvard

17 outubro 2025 às 15h41

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Refeições a dois ou em família, independente se preparadas por homens ou mulheres, podem tornar as pessoas tão felizes quanto renda ou status de emprego. O relatório mundial da felicidade descobriu que compartilhar alimentos deixa as pessoas mais satisfeitas com suas vidas e são mais propensas a expressar emoções positivas.
Um estudo publicado pela Havard Gazette até tentou medir o impacto de compartilhar a mesa para a felicidade. Coautor da Havard Kennedy School, Micah Kaats, escreveu que, apesar de uma forte correlação, as evidências são difíceis de serem medidas. O que de fato a pesquisa conseguiu mensurar, é que cada vez mais os norte-americanos estão se alimentando separados. “Em 2023, cerca de 1 em cada 4 americanos relatou comer todas as refeições sozinho no dia anterior”, disse o estudo, “um aumento médio de 53% desde 2003”.
Leia mais sobre o estudo: Compartilhando refeições com outras pessoas: como compartilhar refeições apoia a felicidade e as conexões sociais | O Relatório Mundial da Felicidade
Essencial
O ato é tão importante, que o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, destaca em um capítulo que a comensalidade, o ato de compartilhar a mesa, é objeto de orientação. Mais do que se pensar no que comer, o como e onde se alimentar também são fatores determinantes para a nutrição e o bem estar.
“Sempre que possível, prefira comer em companhia, com familiares, amigos, colegas de trabalho ou escola. Procure também compartilhar as atividades domésticas que antecedem ou sucedem o consumo das refeições. Os seres humanos são seres sociais e o hábito de comer em companhia está impregnado em nossa história, assim como a divisão da responsabilidade por encontrar ou adquirir, preparar e cozinhar alimentos”, diz o manual.
O documento ressalta que as refeições compartilhadas proporcionam não apenas melhor digestão e maior controle da quantidade de alimentos ingeridos, mas também fortalecem vínculos familiares e sociais, promovendo prazer e bem-estar. Para o guia, comer junto é parte natural da vida social humana e deve ser valorizado tanto quanto a escolha de alimentos in natura ou minimamente processados.
Benefícios
Além dos benefícios fisiológicos, a comensalidade reforça dimensões emocionais e educativas da alimentação. Refeições em família, segundo o guia, são oportunidades de convivência e aprendizado, especialmente para crianças e adolescentes, que observam e assimilam bons hábitos alimentares. Para os adultos, o momento de comer junto favorece o diálogo e o planejamento coletivo, tornando a refeição uma pausa significativa em meio à rotina acelerada.
O documento ainda alerta que o comer apressado, solitário e distraído por telas é uma das marcas negativas da vida moderna. Ambientes barulhentos, como os de redes de fast-food, e o uso constante de celulares durante as refeições reduzem a atenção e o prazer de comer, levando ao consumo excessivo e à perda da conexão com o alimento. As atividades compartilhadas ampliam o sentido de partilha e valorizam o tempo dedicado à alimentação.
Cultural
A nutricionista goiana Alessandra Brahmad lembra que a alimentação em grupo é cultural, mas que a mudança de hábitos e a modernidade têm transformado costumes tradicionais. “Desde os nossos antepassados o sentar a mesa traz conforto e é até bíblico. Compartilhar esse momento é uma forma de cuidado e servir à mesa, a mãe servir a mesa, impacta muito na família”, diz.
Além da perda de hábitos, a substituição por novas práticas não tão saudáveis prejudicam o bem estar. “Comer em frente a tela faz a gente comer mais rápido e perder a noção do quanto comer. Os fast foods também impactam muito na alimentação e no bem estar”, completa.
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