Como um voo que vai na frente do avião presidencial garante a segurança nas viagens do presidente do Brasil?
03 novembro 2024 às 14h18
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Quando o presidente do Brasil realiza uma viagem ao exterior, uma aeronave menor frequentemente antecede o voo principal. Enquanto o VC-1, um Airbus A319 VIP, transporta o chefe de Estado, outras aeronaves, como os VC-2, garantem o suporte necessário para que a segurança da missão ocorra conforme o planejado. Os VC-2, que são aviões Embraer 190, receberam os nomes de Bartolomeu de Gusmão e Augusto Severo, desempenhando papéis essenciais, tanto em voos internacionais quanto em deslocamentos internos no Brasil.
Essas aeronaves atuam como suporte para a comitiva presidencial. Durante as viagens, a equipe de agentes federais e militares embarca antecipadamente nesses aviões para organizar os aspectos logísticos do evento no local de destino. Além disso, os VC-2 também podem transportar tripulações reserva, assegurando que os pilotos do voo principal estejam descansados e aptos para a operação.
Diversas equipes acompanham os voos do VC-2, incluindo economistas, responsáveis pela gestão dos gastos; agentes da Polícia Federal, encarregados da segurança; pilotos, que formam a tripulação reserva; diplomatas do Itamaraty, que cuidam de documentos e questões diplomáticas; equipe de comunicação, encarregada das relações com a imprensa e da comunicação com autoridades; e equipe médica, preparada para emergências durante a viagem.
Nos casos em que a missão transcorre sem contratempos, os VC-2 retornam ao Brasil junto com as equipes após a conclusão da viagem presidencial. Além de apoiar voos internacionais, essas aeronaves também são utilizadas para deslocamentos de autoridades e ministros em trajetos menores pelo território nacional.
A frota da Força Aérea Brasileira (FAB) incorporou os VC-2 em 2010, substituindo os antigos VC-96, que eram Boeing 737-200. O custo total das novas aeronaves foi de R$ 211 milhões, incluindo suprimentos. O primeiro voo do VC-2 foi uma missão que transportou o presidente Lula para a Dinamarca.
Internamente, o design do VC-2 inclui uma área para a comitiva, que acomoda até 32 pessoas, além de uma seção privativa com poltronas reclináveis destinada ao presidente e outros VIPs. Essa área é separada do restante da comitiva, proporcionando um conforto diferenciado. O avião também possui um banheiro privativo e uma galley, funcionando como uma cozinha para aquecer alimentos preparados antes do embarque.
Além de políticos nacionais, os VC-2 já transportaram personalidades estrangeiras, como o Papa Francisco durante sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Durante esse voo, o papa recebeu uma maquete do modelo Embraer 190.
Em 2023, o governo brasileiro utilizou o VC-2 em uma operação de repatriação de brasileiros, em resposta aos ataques de Israel à faixa de Gaza. Na ida, a aeronave levou suprimentos humanitários, e na volta, trouxe grupos de brasileiros e seus familiares de volta ao país.
Um episódio controverso envolvendo essas aeronaves ocorreu em 2019, quando um sargento da FAB foi preso ao transportar 39 kg de cocaína no VC-2 durante uma viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro à cúpula do G20 no Japão. O incidente levou a FAB a reforçar os procedimentos de segurança nas missões oficiais e a repudiar o comportamento do militar.
O VC-2, modelo Embraer 190, possui características técnicas como envergadura de 28,7 metros, comprimento de 38,6 metros e altura de 10,3 metros. Com peso vazio de 28,1 toneladas e peso máximo de decolagem de 51,8 toneladas, sua velocidade máxima atinge 985 km/h, e pode alcançar uma altitude máxima de voo de 12.496 metros.
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