Como funciona o cessar-fogo entre Israel e o Hamas
09 outubro 2025 às 20h45

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O novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas foi assinado nesta quinta-feira, 9, às 18h (horário local) no Egito, na cidade de Sharm el-Sheikh, localizada na Península do Sinai. A negociação contou com a presença de representantes israelenses, intermediários do Egito e do Catar, além de Jared Kushner, genro de Trump e ex-assessor da Casa Branca. Kushner é um dos articuladores do chamado “Plano Trump para estabelecer a paz na Faixa de Gaza”.
Pelo acordo, o cessar-fogo entra em vigor 12 horas após a assinatura, conforme previsto nos protocolos internacionais de segurança. Até esse período, é comum a ocorrência do que se chama, em inglês, de “last shootings” — ou “últimos tiros”, quando as partes ainda podem efetuar ações militares isoladas antes do início efetivo do silêncio total dos combates, caso se sintam ameaçadas. Somente após 12 a 24 horas de trégua absoluta, sem disparos ou ataques, o cessar-fogo é considerado sustentado.
Cessar-fogo parcial e pontos do acordo
O entendimento atual é parcial e não representa o fim definitivo da guerra. Ele faz parte de uma série de medidas previstas em um plano mais amplo de 20 pontos, proposto pelo governo de Donald Trump. Segundo fontes ligadas à negociação, o Hamas aceitou cumprir apenas dois desses pontos, e os demais serão discutidos em futuras rodadas.
Entre os temas que ainda dependem de consenso estão:
• O desarmamento do Hamas, considerado essencial por Israel para encerrar o conflito;
• A administração civil da Faixa de Gaza, que, pelo plano americano, ficaria sob responsabilidade de um grupo de tecnocratas independentes, sem vínculos com o Hamas nem com a Autoridade Palestina.
Troca de prisioneiros e reféns
O acordo também envolve uma troca humanitária. O Hamas informou que mantém 48 reféns, dos quais 20 estão vivos e 28 morreram em cativeiro. Israel, por sua vez, se comprometeu a libertar 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua, entre eles o líder político Marwan Barghouti, considerado um dos nomes mais influentes do movimento palestino.
Além disso, o grupo exigiu a libertação de 1.700 militantes detidos durante a guerra, o que ainda está sob negociação.
Situação dos líderes e próximos passos
Todas as liderança do Hamas dentro da Faixa de Gaza foram mortas durante as operações israelenses. Desde o início das ações militares, os cinco principais dirigentes do grupo estiveram no Catar, sob proteção do governo local, e conduziram as tratativas a partir de Doha. Um deles foi morto no ataque com drones na capital, em 9 de setembro.
Para Israel, a libertação de Marwan Hasib Ibrahim Barghout e outros líderes condenados é vista como um risco de reorganização política e militar do Hamas na região.
Enquanto o Hamas declarou oficialmente o fim da guerra, o governo israelense ainda não confirmou o cessar total das hostilidades. O Gabinete de Segurança de Israel permanece reunido para avaliar se o cessar-fogo se sustentará nas próximas horas e se as condições para uma trégua definitiva poderão ser cumpridas.
