Como cientistas só descobriram megatsunami com ondas de 200 metros meses após ele acontecer
20 agosto 2024 às 16h04
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Um megatsunami, causado possivelmente por um deslizamento, provocou ondas de mais de 200 metros de altura, equivalente a um prédio de quase 70 andares, e teve cerca de 20 quilômetros de extensão. O evento que, dependendo do lugar, poderia ser catastrófico e deixar milhares de vítimas, só foi descoberto meses depois com um estudo realizado na Alemanha.
A pesquisa inédita aponta que a maior onda já registrada no mundo aconteceu no dia 16 de setembro de 2023 na Groenlândia e foi causado por uma série de eventos. O estudo utilizou dados de ondas sísmicas registrados em escalas regional e global e as comparou com imagens de satélites de alta resolução.
O grupo de cientistas do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências GFZ identificou dois sinais sísmicos: um de alta energia e outro que durou mais de uma semana, registrado até 5 mil quilômetros de distância do ponto focal. A hipótese mais indicada pelos pesquisadores é de que um deslizamento de rochas pode ter causado o tsunami.
“O simples fato de que o sinal VLP de uma onda se movendo para frente e para trás desencadeada por um deslizamento de terra em uma área remota da Groenlândia pode ser observado em todo o mundo e por mais de uma semana é emocionante. É por isso que nós, da sismologia, estamos mais preocupados com esse sinal”, explica Angela Carrillo Ponce.
O megatsunami ocorreu no Fiorde Dickson, em uma parte remota do leste da Groenlândia, e foi notado pela primeira vez em postagens nas redes sociais.
A análise do sinal sísmico inicial, combinada com imagens de satélite de um pedaço de rocha faltante de um penhasco ao longo do Fiorde Dickson, indica a direção do deslizamento. A altura de 200 metros foi indicada perto do ponto de entrada da água e uma média de 60 metros de altura ao longo de um trecho de 10 quilômetros.
“Embora tenhamos conseguido obter informações sobre a direção e a magnitude da força exercida pelo deslizamento, não temos dados para investigar a causa original do deslizamento”, explica Carrillo-Ponce, um dos responsáveis pela publicação.
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