A facção criminosa Povo de Israel (PVI) tem se consolidado no sistema penitenciário do Rio de Janeiro, contando com cerca de 18 mil detentos. Fundada no início dos anos 2000 com o objetivo de proteger presos “neutros” contra facções como Comando Vermelho e Terceiro Comando, o PVI logo evoluiu suas atividades para crimes como golpes de falso sequestro.

O lucro gerado por essas práticas financia a expansão da facção, que recruta novos membros dentro e fora das prisões. O PVI atrai novos integrantes oferecendo “acolhimento” a presos recém-chegados e bandidos expulsos de outras facções.

Em unidades penitenciárias neutras, onde outras facções não exercem controle, a organização utiliza uma “caixinha” conjunta. Parte do dinheiro arrecadado nos golpes é destinado à compra de itens essenciais para os detentos, criando laços de confiança e atraindo aliados.

Os novos membros são gradualmente cooptados para participar das atividades criminosas do grupo, como extorsão e golpes por telefone. A divisão dos lucros segue um esquema onde 30% vai para o “empresário” que fornece o telefone, 30% para o executor, 30% para o “laranja” que movimenta o dinheiro, e o restante é destinado ao caixa comum do PVI.

Outro ponto-chave para a expansão do PVI é o acolhimento de membros que foram expulsos de outras facções. Um exemplo emblemático é Anderson Gonçalves dos Santos, conhecido como “Lord”, que teve que deixar o Comando Vermelho após ser responsabilizado pelo ataque a um ônibus em 2005.

Expulso do Morro da Fé, Lord encontrou abrigo no Povo de Israel e hoje é parte importante da liderança do grupo. Além dos golpes de falso sequestro, a facção também ameaça comerciantes e moradores de áreas dominadas por outras facções.

Com isso, eles ampliam suas fontes de receita e estendem seu controle territorial. Em 2023, os golpes de estelionato no Rio de Janeiro atingiram níveis recordes, com uma média de uma ocorrência a cada 3,5 minutos, demonstrando o impacto crescente do PVI.

A resposta do Estado tem sido intensificar as operações contra o PVI, com foco nas unidades prisionais que abrigam detentos classificados como neutros. Na manhã desta terça-feira, uma operação conjunta da Polícia Civil e da polícia penal mirou integrantes da facção, tentando enfraquecer a influência crescente do grupo criminoso no Rio de Janeiro.

“A secretaria acrescenta que, entre os servidores citados, dois deles já respondem a processos administrativos disciplinares (PAD) e um deles se encontra preso. Sobre o episódio envolvendo uma tentativa de ingressar no presídio Nelson Hungria com celulares em uma quentinha, foi verificado que a ação partiu exclusivamente dos servidores envolvidos, tendo sido descartada a participação da empresa fornecedora de alimentação para a unidade prisional”, explica a Seap ao jornal O GLOBO.

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