Para especialistas, acompanhar comportamento dos filhos nas redes sociais é o passo inicial para diagnosticar e tratar alguns problemas

Foto: Twitter

O crime que chocou o país na última quarta-feira, 13, segue gerando desdobramentos, teorias, possibilidades, busca por culpados… Dois rapazes normais, sem nenhum transtorno psicológico aparente, entram em uma escola e fazem vítimas de forma aleatória e impiedosa. O crime aconteceu na Escola Estadual Raul Brasil, no Jardim Imperador, em Suzano, na Grande São Paulo, e nesses dias que seguem após a tragédia, a internet vem mostrando a repercussão do caso, chocando e dividindo opiniões das pessoas diante de relatos de jovens sobre o massacre.

Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Henrique de Castro, 25 anos, ambos ex-alunos da escola, entraram no recinto durante o intervalo e dispararam contra alunos e funcionários, ou quem quer que aparecesse no caminho, após isso, um deles atirou no companheiro e cometeu suicídio, logo a seguir.

Na internet, vêem-se relatos de jovens que “aplaudem” o ataque em Suzano, e dizem querer fazer o mesmo: “Um dia vou fazer isso aí mais vou matar mais de 10”, diz um jovem em comentário no Facebook, outro, afirma: “Ele só fez aquilo que muitos querem”. Outro comentário incita o surgimento de mais casos como este: “Fez 9 kills e morreu pro gás. Mas mesmo assim fez história. Muito bom amigo, que apareçam mais como você”.

De acordo com o filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu, que já escreveu diversas teorias sobre temas como bullying e comportamento infanto-juvenil, alguns fatores são determinantes para compreender a mente de quem pratica atos terroristas como o de Suzano.

Para ele, o cuidado deve começar em casa. “Essa sociedade ‘avançada’ em que a internet é o companheiro inseparável, na era em que o trabalho está à frente da família, a falta de atenção aos jovens coloca em risco suas atitudes”, conclui.

A psicóloga Roselene Espírito Santo Wagner também acredita que os pais devem ter uma relação mais estreita com os filhos: “Os pais têm a obrigação de exercer a sua autoridade sobre os filhos, acompanhando-os. Lembrando que dar limites é dar amor. Orientando naquilo que a experiência deles indica como parâmetro de conduta ética”.

Em uma postagem no Twitter, um usuário, ao ler os relatos de jovens que concordam com atos terroristas, chegou a declarar: “Dá vontade de mandar ‘print’ pros pais de todo mundo”. Outro post dizia: “Esses comentários no Facebook do menino que invadiu a escola estadual Raul Brasil em Suzano é assustador. Levem seus filhos ao psicólogo”.

Passados três dias da tragédia, cabe uma reflexão apontada pela psicóloga e pelo filósofo: Os pais sabem realmente o que se passa na vida dos filhos? Existe, claro, a individualidade de cada família, no entanto, para os profissionais, acompanhar esse tipo de comportamento dos filhos nas redes sociais, como mostrado acima, é o passo inicial para diagnosticar e tratar qualquer que seja o problema enfrentado pelos jovens.