‘Comando C4’: grupo de matadores de aluguel formados por militares e policiais civis cobrava R$ 250 mil para espionar ministros do STF

28 maio 2025 às 12h14

COMPARTILHAR
Uma quadrilha de matadores de aluguel, especializada em homicídios por encomenda e espionagem ilegal, foi desarticulada pela Polícia Federal (PF) durante operação nesta quarta-feira, 28, em três Estados: Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. O bando, investigado por matar o advogado Roberto Zampieri em dezembro de 2023, no Mato Grosso, chegou a cobrar R$ 250 mil pelo monitoramento clandestino de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
LEIA TAMBÉM
Pistolagem: em alta, matadores de aluguel anunciam ‘encomendas’ de assassinato
Sete anos após assassinato em Montividiu, mulher da vítima e matadores de aluguel são presos
A organização criminosa, composta por militares da ativa e da reserva, além de civis, usava táticas e instrumentos dignos de filme, como drones e garotas de programa para realizar ações de vigilância e coleta de informações sobre autoridades públicas.
A estrutura foi revelada durante a operação, que investiga o assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto com 10 tiros em Cuiabá (MT). Segundo as investigações, foi no celular da vítima que a PF encontrou provas das atividades ilícitas, incluindo registros de negociações para venda de sentenças judiciais e referências diretas à espionagem de autoridades.
Conforme a PF, o grupo criminoso mantinha uma tabela de preços para serviços de espionagem conforme o perfil da vítima. Para monitorar ministros, o valor cobrado chegava a R$ 250 mil, enquanto que o serviço cobrado para vigiar senadores era de R$ 150 mil e deputados, R$ 100 mil.
“Comando C4”
Além das ações de espionagem, o grupo, que se autodenominava Comando C4 (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos), operava como uma agência de extermínio, com preços definidos para assassinatos sob encomenda. As investigações apontam que o grupo mantinha tabelas impressas que determinavam valores conforme a função ou o status das vítimas.
Segundo os investigadores, o Comando C4 atuava com alto grau de organização, empregando táticas militares, tecnologia de vigilância avançada e métodos de infiltração social. Prostitutas eram usadas para se aproximar dos alvos, enquanto drones garantiam a vigilância à distância.
Por determinação do ministro do STF, Cristiano Zanin, a PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, quatro ordens de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão. Também foram impostas medidas cautelares, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre os investigados e retenção de passaportes. Entre os presos, estão:
- Aníbal Manoel Laurindo, produtor rural, apontado como suposto mandante do homicídio de Zampieri;
- Coronel Luiz Cacadini, militar da reserva, suposto financiador do crime;
- Antônio Gomes da Silva, acusado de ser o atirador;
- Hedilerson Barbosa, suspeito de ser o intermediador e dono da arma usada no assassinato;
- Gilberto Louzada da Silva, cuja participação ainda está sob apuração.

Venda de sentenças
Além dos homicídios e da espionagem, a PF investiga um suposto esquema de venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, com ramificações que alcançam o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Anotações e mensagens encontradas durante a apuração indicam que o Comando C4 também operava como facilitador desses esquemas, conectando operadores jurídicos e interessados em decisões favoráveis mediante pagamento.
