“A demora para se ver um resultado nas medidas de isolamento é diretamente ligada à forma como os decretos foram seguidos pela população”, ressalta a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim

Profissionais de saúde em leitos de UTI. | Foto: Câmara dos Deputados/reprodução

Após quase uma quinzena do início da vigência do último decreto estadual, que entrou em vigor na quarta-feira, 17, a crescente demanda por leitos em hospitais, voltados ao tratamento de pacientes da Covid-19, se estabiliza em Goiás. O documento estabeleceu a adoção do modelo 14 por 14, com duas semanas de suspensão das atividades consideradas não essenciais, seguidas de outras duas de flexibilização.

A superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, explica que, apesar de a demanda por Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e leitos de enfermaria exclusivos para infectados pelo novo coronavírus ter se estabilizado, as filas de espera ainda se mantém. “Precisamos ter cuidado ao falar sobre isso, porque senão, no senso comum, podem achar que a situação já se resolveu, mas na verdade, o que aconteceu é que as filas de espera pararam de crescer, mas elas ainda existem”, esclarece.

Responsabilidade social

Para Flúvia, alcançar uma redução significativa de ocupação dos hospitais, perto do que se teve nos meses de novembro e dezembro, com percentual entre 60 e 70%, levará tempo. Até lá, o papel do poder público deve ser o de reduzir a mobilidade o máximo possível, e o pedido à população, é a conscientização e a auto responsabilização por suas ações, que serão cruciais no desenvolvimento desses números.

“Sabemos que a melhor forma de reduzir esses números de ocupação de leitos é a vacina, mas até que tenhamos uma quantidade de doses significativa para aumentar o número de pessoas imunizadas, precisamos manter o isolamento. A situação, então, nos próximos dias de flexibilização, vai depender muito do comportamento da população, o que é muito triste, porque, ultimamente, não temos tido bons exemplos”, lamenta a superintendente.

Flúvia ainda questiona e se indigna quanto a baixa adesão as medidas de isolamento, no que é considerado pior momento da pandemia até hoje. “É um paradoxo. Como pode? Hoje é difícil ver alguém que não tem um parente, um amigo ou uma pessoa próxima que precisou de leito de UTI ou que foi a óbito por Covid-19. Acho que as pessoas podem ter perdido um pouco de medo do vírus e se acostumado com toda essa situação, mas isso não pode ser normalizado por ninguém. Precisamos fazer nossa parte, tanto enquanto poder público, quanto como cidadão, para tentar diminuir essa transmissão”, desabafa.

Demora no alcance de resultados

A superintendente Flúvia acredita que uma flexibilização em maior escala só será possível quando for possível ver uma diminuição mais acentuada na curva de contágio e na demanda de leitos em hospitais. Segundo ela, uma das grandes dificuldades encontradas nas unidades de saúde, que atrapalham tanto o tratamento da Covid-19, quanto o de outras doenças, é referente aos recursos humanos. “Faltam médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e outros profissionais especializados nessas áreas de atuação”, explica.

Aos que criticam a efetividade dos decretos que restringem a circulação das pessoas, a superintendente deixa claro que a visualização de resultados, quando se trata da redução da taxa de transmissão da Covid-19, não é imediata. “Não podemos esperar que, quando se faz um decreto com medidas de isolamento, daqui três dias já teremos resultado. A demora para se ver um resultado é diretamente ligada à como foram feitos os decretos e como esses documentos foram seguidos pela população”, ressalta.