Pela segunda vez neste ano, o Hospital Infantil de Campinas (HIC) decidiu suspender os atendimentos de pacientes do plano de saúde do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas). Em março, a unidade particular chegou a paralisar a prestação de serviços. No mês seguinte, o atendimento retornou, após o órgão efetuar o pagamento de uma parcela atrasada e novas promessas de quitação das dívidas.

“Devido ao não cumprimento dos repasses prometidos ao Hospital Infantil de Campinas, os atendimentos aos usuários do IMAS, voltam a ser suspensos a partir de hoje”, afirmou ao Jornal Opção, o diretor do HIC, Márcio Coelho. Na sexta-feira, 10, o Ingoh e o Hemolabor também suspenderam, por tempo indeterminado, os atendimentos de pacientes com câncer do Imas.

Na semana passada, ele chegou a antecipar a paralisação dos atendimentos, caso não houvesse os pagamentos das faturas em atraso. “Após contatos com a presidente do IMAS e também com o diretor financeiro, onde não tivemos respostas concretas, o hospital passa por nova insegurança de repasses do órgão”, lamentou.

“O atendimento na unidade é voltado exclusivamente para crianças, que neste começo de período seco e frio sofrem mais com o aumento das doenças respiratórias”, pontuou Coelho.

Dívida

Com dívida acumulada de R$ 220 milhões, a Prefeitura de Goiânia fez um convênio com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para uma auditoria no Imas. O contrato celebrado foi de R$ 4 milhões. A medida foi uma recomendação do Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Em 9 de fevereiro deste ano, o MP-GO informou que aguardava novas auditorias da universidade para a conclusão de investigações de supostas irregularidades no Imas.

Em 19 de março, promotores de Justiça reuniram-se com membros do Instituto, representantes de secretarias municipais e da Procuradoria-Geral do Município (PGM); e da UFG. No encontro, o então presidente do Imas, Marcelo Marques Teixeira, elencou as propostas para melhoria financeira da entidade. No começo de abril, Teixeira foi substituído pela médica Gardene Moreira, durante uma minirreforma administrativa promovida pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos).

Reunião do MPGO com Imas e UFG | Foto: divulgação
Reunião do MPGO com Imas e UFG | Foto: divulgação

Segundo ele, naquele mês seriam publicados nova tabela de valores, editais de pessoas física e jurídica para credenciamento de novos contratos, em substituição ao pagamento por indenização. Além disso, estariam disponíveis o levantamento e a regularização dos pagamentos, conforme uma ordem cronológica, a ser publicada mediante portaria divulgada nos meios oficiais. A portaria foi divulgada no Diário Oficial do Município (DOM), porém, de acordo com as direções dos hospitais, não houve cumprimento das promessas.

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Professora municipal aposentada, Ivone Teixeira da Cunha, é usuária do Imas e há nove anos faz tratamento de câncer. Na semana passada, deu com a porta no rosto ao procurar atendimento tanto no Ingoh quanto no Hebolamor. “Estou em estágio paliativo, mas dependo de medicação e do atendimento. Todo mês eu preciso tomar medicação e fazer exames para controle das metástases”, contou.

Sobre se houve melhorias no Imas após intervenção da UFG, ela conta que foi informada apenas do recadastramento de usuários. “Continua ruim, porém, todos os meses descontam no nosso contracheque o valor referente ao plano do Imas”, acentua a servidora aposentada.

Por meio de notas, o INGOH informou que manteve por quase um ano a “compra de medicamentos, que possuem tecnologia avançada e são de alto custo”, mas os recursos são limitados e se esgotaram. “A organização fica entristecida com isso, pois sabe que um vínculo de confiança e a relação médico-paciente-instituição não são construídos de um dia para o outro”, salientou.

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Já o Hemolabor citou que quando começaram os atrasos, “o grupo vem tentando sanar essas pendências com o plano de saúde, sem sucesso”. “Por respeito e proteção aos pacientes em tratamento contra o câncer, o Hemolabor prosseguiu prestando o atendimento completo e multidisciplinar, porém os atrasos inviabilizaram a continuidade aos tratamentos”, informou.

Para saber sobre os novos resultados positivos da auditoria, a reportagem procurou a UFG, o MP-GO e o Imas. A assessoria de imprensa da universidade informou que sobre esse assunto somente o IMAS poderia passar as informações.

Por sua vez, o MP-GO enfatizou que “a 20ª Promotoria de Goiânia informou que o procedimento segue em diligências”. E o Imas frisou que seus técnicos avaliam os diagnósticos e as recomendações para as providências que podem ser tomadas”.

NOTA – INSTITUTO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DOS SERVIDORES DE GOIÂNIA (IMAS)

O Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (IMAS), informa que o convênio com a Universidade Federal de Goiás, UFG, no valor de quatro milhões de reais, que trata sobre auditoria e consultoria, com o processo de reestruturação do instituto, está em andamento conforme o previsto. Todos os produtos que se referem aos setores financeiro, saúde, jurídico e de gestão estão sendo devidamente entregues.

Técnicos do Imas estão avaliando os diagnósticos e as recomendações para as providências que podem ser tomadas. Entre as ações que já foram desenvolvidas estão: A entrega do relatório da auditoria; abertura dos novos credenciamentos para pessoas físicas e jurídicas; cronograma de pagamento dos prestadores conforme orientado pelo Ministério Público e atualização dos cadastros dos usuários.

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