“Com menos de 70% da população imunizada, não podemos baixar a guarda”, avalia infectologista
01 agosto 2021 às 09h19
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Goiás volta a ter altos números para Covid e ocupação de UTIs se mantém acima de 85%. Estado pode ter um repique da segunda onda, alertam especialistas
As variantes, o maior número de aglomerações e a lentidão na vacinação são os principais fatores para o novo aumento do número pessoas infectados com a Covid-19. Em Goiás, nesta semana, em apenas 24 horas mais de 4.500 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Ao todo, há 741.288 casos confirmados de doença no território goiano. Com isso, os leitos de UTI mantêm taxa de ocupação acima de 85%.
Para o infectologista Boaventura Braz de Queiroz, a situação, infelizmente, era esperada. “Existia uma grande possibilidade de isso acontecer, tendo em vista que os gestores quiseram dar a impressão de que estava tudo normalizado. O percentual de população vacinada está muito aquém do desejado para termos um controle da doença”.
Boaventura Braz lembra que hoje no Brasil menos de 20% da população está imunizada contra a Covid-19. Para ele, o nível de proteção está longe do ideal, que seria acima de 70%. “O controle da doença pela vacinação, obviamente, não está acontecendo. E não tem condições de acontecer nesse momento. Com menos de 70% da população imunizada, não podemos baixar a guarda dos protocolos sanitários. Precisamos evitar aglomerações e manter o uso de máscara”.
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Variante delta
Segundo o infectologista, o surgimento das variantes, em especial da delta, é outro componente que pode agravar ainda mais a situação. “Pelas características da doença que estão aparecendo são muito sugestivas de que haja uma disseminação da delta. Mas ainda não temos condições de falar qual é grau dessa contaminação. Não temos dados das amostras coletadas”.
O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, pontua que o Goiás ainda vive a segunda onda. “Os hospitais da Ahpaceg nunca ficaram vazios. A taxa de ocupação que se manteve. Permanecemos cheios, com mais de 80%. Para haver uma terceira onda, a segunda teria de ter acabado”.
Segundo Haikal Helou, a principal preocupação é a possível falta de vagas nos hospitais destinados à Covid-19 como ocorreu no pico da segunda onda. “Nós chegamos a ter a 136% de taxa de ocupação, então, o receio é sempre esse. No momento ainda é cedo pra dizer. Estamos cheios, mas não lotados. Essa é nossa realidade”.
Para evitar um repique da segunda onda, Haikal é categórico. “A receita é a mesma desde o início: isolamento no máximo possível, uso de máscara, cuidados de higiene, vacinação e testagem em massa. E o que estamos vendo são hospitais cheios, a vacinação caminhando, mas longe do ideal. E as pessoas não se isolam, pensando que a pandemia acabou”.