Por falta de apoio político ou por projetos de disputa em eleições municipais, deputados estaduais e federais aproveitaram período de trocas que se encerrou no último dia 18

Em dezembro de 2015, o Senado Federal aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 113/2015 e criou uma janela de desfiliação partidária para que todos os detentores de cargos eletivos pudessem mudar de legenda sem risco de perder seu mandato. Com a promulgação, a chamada Emenda Constitucional nº 91 estabeleceu prazo de 30 dias, válidos a partir de 18 de fevereiro, para que fossem feitas as trocas.

Antes da abertura da janela, já era dada como certa a mudança de três deputados – dois estaduais e um federal -, mas o troca-troca foi muito mais intenso. Além de Delegado Waldir Soares (PR), Lissauer Vieira (PSB) e Renato de Castro (PMDB), outros nove parlamentares goianos aproveitaram para trocar de partido durante o último mês.

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Alguns candidatos deixaram as legendas em que estavam por falta de espaço e apoio político e outros pensando em projetos futuros. O campeão de trocas foi, de longe, o PSDB, tanto em ganhos quanto em perdas. Enquanto a bancada federal acabou reduzida pela metade, o partido foi reforçado por mais quatro deputados estaduais na Assembleia Legislativa.

Francisco Oliveira, deputado estadual, inaugurou a janela ao deixar o PHS e se filiar ao PSDB do governador Marconi Perillo (PSDB). Francisco mira na presidência da Assembleia Legislativa. Outro nome de destaque a se filiar ao PSDB foi o atual presidente da Casa, deputado Helio de Sousa. Helio deixou o DEM, que agora não tem mais deputados estaduais.

Na Câmara dos Deputados, Alexandre Baldy e João Campos também deixaram o PSDB. João Campos, por acreditar que não conseguiria apoio em uma futura eleição majoritária, foi para o PRB. Já Alexandre Baldy, cuja disputa pela Prefeitura de Anápolis é incerta, migrou para o PTN possivelmente por projetos mais ambiciosos do que se tornar prefeito anapolino. Nos bastidores, especula-se que ele pode estar de olho em uma candidatura à governador em 2018. Também fala-se muito que Baldy quer independência em relação à Marconi Perillo.

Se por um lado o PSDB engrossou sua bancada na Assembleia, o PTB foi o mais prejudicado. Além de Marlúcio Pereira, Talles Barreto também anunciou, já próximo ao fechamento da janela, que também se desfiliaria. O destino, embora ele não confirmasse, já era dado como certo nos bastidores. Confirmando as especulações, Talles aceitou o convite de Marconi Perillo e foi para o PSDB.

Corrida pelas prefeituras goianas

As eleições municipais no segundo semestre de 2016 foram responsáveis por grande parte das trocas de partido nesta janela. Alvo de intensa especulação logo no início da janela, o deputado estadual Lissauer Vieira não escondia que deixaria a Rede, mas demorou alguns dias para confirmar seu destino. No dia 8 deste mês, ele anunciou sua ida para o PSB, que o apoiará em sua candidatura à Prefeitura de Rio Verde.

Marlúcio Pereira foi um dos deputados que mais surpreenderam, anunciando junto do colega Lissauer Vieira que se filiaria ao PSB. O projeto também envolve uma prefeitura: Marlúcio será candidato pelo partido em Aparecida de Goiânia.

Seguindo o mesmo caminho, Renato de Castro, que disputará o cargo de prefeito de Goianésia, sua cidade natal, deixou o PT para ir para o PMDB. Partido tradicionalmente de oposição no município, o PMDB, na avaliação do deputado, é mais apropriado para seu projeto e não passa pela turbulência enfrentada atualmente pelo Partido dos Trabalhadores.

Até a semana anterior ao fechamento da janela, o deputado estadual Carlos Antonio negociava com o presidente estadual do Solidariedade, Armando Vergílio, sua saída para o PSDB. Pré-candidato com fortes chances de levar a Prefeitura de Anápolis, Carlos Antônio sinalizava que tinha mais chances de permanecer no Solidariedade, mas acabou deixando a sigla para disputar a prefeitura de Anápolis na legenda tucana.

O próprio deputado federal Delegado Waldir Soares, por exemplo, só deixou o PSDB porque não conseguiu apoio para sua candidatura à Prefeitura de Goiânia. O parlamentar saiu da legenda depois de questionar publicamente o processo de prévias do partido, que acabou por eleger Giuseppe Vecci para disputar o cargo. Waldir foi para o PR e será um dos nomes na corrida para prefeito da capital.

Também para disputar a Prefeitura de Goiânia, Virmondes Cruvinel optou por trocar de legenda depois de questionar, assim como Waldir, o processo de escolha do candidato do PSD nas eleições deste ano. Virmondes, que disputava a vaga com Francisco Jr., afirmou acreditar que a decisão do partido foi pessoal e se filiou ao PPS.

Além do delegado Waldir Soares, o PR também conseguiu mais um nome para a Assembleia Legislativa com a filiação de Doutor Antonio, que deixou o PDT para se unir ao partido. O parlamentar mira na disputa pela Prefeitura de Trindade.

Veja lista completa dos parlamentares que mudaram de partido:

Fotos: Y. Maeda e Marcos Kennedy
Fotos: Y. Maeda e Marcos Kennedy
  • Carlos Antonio (deputado estadual): Deixou o Solidariedade e foi para o PSDB
  • Francisco Oliveira (deputado estadual): Deixou o PHS e foi para o PSDB
  • Helio de Sousa (deputado estadual): Deixou o DEM e foi para o PSDB
  • Talles Barreto (deputado estadual): Deixou o PTB e foi para o PSDB
  • Lissauer Vieira (deputado estadual): Deixou a Rede e foi para o PSB
  • Marlúcio Pereira (deputado estadual): Deixou o PTB e foi para o PSB
Fotos: Marcos Kennedy, Y. Maeda, Renan Accioly, Fernando Leite e Luis Macedo
Fotos: Marcos Kennedy, Y. Maeda, Renan Accioly, Fernando Leite e Luis Macedo
  • Renato de Castro (deputado estadual): Deixou o PT e foi para o PMDB
  • Dr. Antonio (deputado estadual): Deixou o PDT e foi para o PR
  • Virmondes Cruvinel (deputado estadual): Deixou o PSD e foi para o PPS
  • Alexandre Baldy (deputado federal): Deixou o PSDB e foi para o PTN
  • João Campos (deputado federal): Deixou o PSDB e foi para o PRB
  • Waldir Soares (deputado federal): Deixou o PSDB e foi para o PR