Com garganta perfurada por pássaro, motociclista pilota 9 km por socorro

29 abril 2021 às 12h22

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Pássaro, com bico semelhante ao do beija-flor, não resistiu ao impacto. Indígena passou por atendimento médico em UPA a 35 quilômetros de sua aldeia
Numa anatomia metafórica, pode-se dizer que o pescoço é o calcanhar de Aquiles dos condutores de motos. Nas épocas de vento mais forte, o perigo maior são as linhas das pipas, principalmente quando acrescentadas de cerol – o pó de vidro que serve para “atacar” os rivais em “guerras” com o brinquedo.
Mas nem só nos centros urbanos os motociclistas correm risco. Um jovem indígena de 23 anos sofreu um acidente bem inusitado quando pilotava sua moto em Barra dos Bugres (MT), a 170 quilômetros de Cuiabá.
Seguindo para a aldeia de Águas Correntes no sábado, 24, Eik Júnior Monzilar Parikokoriu seguia teve o pescoço perfurado ao ser atingido por uma ariramba-preta, um pássaro cujo bico lembra o de beija-flor e que faz parte de um grupo de aves insetívoras, chamadas genericamente de arirambas.
Apesar do ferimento potencialmente grave, o Eik percorreu mais nove quilômetros com a ave presa ao pescoço pelo bico, para chegar ao destino e ser socorrido por familiares.
O pássaro não resistiu ao impacto. O jovem passou por atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Barra dos Bugres e depois detalhou como tudo aconteceu.

“O passarinho atravessou a minha garganta, mas deu tempo de eu chegar. Saiu muito sangue do meu nariz, do local (do furo) e eu cheguei em casa quase desmaiado. Eu senti que meu coração estava parando de bater. Eu tentava puxar o folego e não conseguia”, detalha o jovem.
Ainda segundo Eik, a mãe e outros familiares o socorreram até a unidade de saúde da própria aldeia onde foram prestados os primeiros atendimentos médicos e a ave foi retirada de seu pescoço. “A mão da minha mãe estava quente e ela estava desesperada. Eles começaram a orar por mim”, acrescentou o jovem em seu relato. “Estou aqui para alertar, Deus é tudo na nossa vida. Deus me livrou e me deu mais uma chance de viver”, finalizou o rapaz, que apesar do susto, foi liberado para voltar para casa logo após fazer o curativo.
* Com informações do portal UOL.