Com críticas a Cunha e Temer, Dilma comenta vitória do impeachment. “Estou indignada”

18 abril 2016 às 19h05

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A jornalistas, a presidente repetiu o discurso já adotado em ocasiões anteriores, reforçando não existir crime de responsabilidade

A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, em entrevista coletiva, no fim da tarde desta segunda-feira (18/4), que se sente “indignada” e “injustiçada” com a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment de seu mandato na Câmara dos Deputados.
A petista contou a jornalistas que acompanhou integralmente a sessão do último domingo (17) e alegou que não viu “uma discussão sobre crime de responsabilidade”, nem argumentos que envolvessem o ressentimento por parte de parlamentares. “Eu vi vários argumentos, geralmente pela família, por Deus. Mas não vi concretamente uma discussão sobre ressentimento”, afirmou em resposta a um jornalista.
Dilma repetiu o discurso já adotado em ocasiões anteriores, reforçando não existir crime de responsabilidade. “Os atos pelos quais eles me acusam foram praticados por outros presidentes antes de mim e não se caracterizaram como ilegais ou criminosos”, afirmou, reforçando que não exerceu nenhum ato ilegal e que não há, contra ela, nenhuma denúncia de desvio de dinheiro público ou enriquecimento ilícito.
Fazendo menção indireta ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB), ela também afirmou que “aqueles que têm conta no exterior” presidiram o processo. Ela declarou, ainda, que possui a “consciência” que não há ilegalidade nos atos que assinou e motivaram o pedido de impeachment.
“Não se pode chamar de impeachment o que é uma tentativa de eleição indireta. Ela se dá porque os que querem ascender ao poder não têm votos para tal”, asseverou Dilma.
A presidente também condenou e criticou as ações do vice-presidente Michel Temer, dizendo que considera “estarrecedor” que um vice-presidente, no exercício de seu mandato, conspire abertamente contra a chefe de Estado. “Em qualquer lugar, uma pessoa que fizesse isso não seria respeitada. Natureza humana não aceita traidores.”
Está é a primeira declaração pública de Dilma após os deputados aprovarem nesse domingo (17), por 367 votos, o prosseguimento do processo contra ela. Se a admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores, como foi na Câmara, a presidente será afastada por até 180 dias, enquanto o Senado analisa o processo em si, e define se Dilma terá o mandato cassado.