Distrito Federal foi o local com maior recuo, 3,68; em cenário regional, quem se destacou foi a região Norte; pesquisadora acredita que a redução seja algo temporário

Com a pandemia, tem redução de 1,97 anos na expectativa de vida, diz pesquisa. | Foto: IBGE

Dados divulgados por uma equipe de pesquisadores liderados pela demógrafa Márcia Castro, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, a expectativa de vida no Brasil poderá reduzir em mais de três anos e meio, com o impacto da pandemia da Covid-19. De acordo com o estudo, das unidades federativas brasileiras, o Distrito Federal é o mais afetado, com variação de -3,68 anos. Enquanto isso, Goiás se encontra na 15ª posição, com -1,97.

A queda na expectativa de vida varia entre as regiões, uma vez que a realidade de enfrentamento do coronavírus é diferente em cada uma delas. Apesar de o local mais afetado ser localizado no Centro-Oeste, a região com maior impacto é a Norte. Lá, os piores índices são o do Amapá (que recuou de 3,62 anos), Roraima (com menos 3,43) e Amazonas (que reduziu 3,28). 

Histórico do indicador

O estudo ainda menciona que esta é a primeira redução no indicador nacional de expectativa de vida desde 1940, que já era muito baixa. Desde 1945, esse índice crescia sem parar, como sinal da evolução nas condições básicas de vida da população que aumentava sua longevidade.

Em 1980, a expectativa de vida chegou a 62,5 anos e, no ano 2000, a 69,8. Mesmo que nos últimos 20 anos os ganhos fossem menos significativos, nunca havia sido registrado decréscimo. Entretanto, em decorrência das mais de 373 mil mortes por Covid-19 no Brasil, a média brasileira dessa diminuição é de quase dois anos (1,94).

Atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de 76,6 anos. O que se espera, segundo Márcia, é que este fator seja algo temporário, um ponto fora da curva, e que logo depois tudo retorne à normalidade. “No caso do Brasil, já estamos vendo que 2021 vai ser pior que o ano passado. Existem Estados que somam mais mortes agora do que ao longo de todo 2020, como Amazonas e Rondônia. Além disso, existe uma demanda represada por atenção primária e procedimentos de rotina.”

Os dados estão sendo utilizados em estudo liderado pela pesquisadora do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, Marcia Castro. O trabalho ainda foi submetido para publicação no site distribuidor de artigos científicos MedRxiv, da Universidade de Yale.