O ex-prefeito de Bogotá derrotou o direitista Rodolfo Hernández; país se encontra em crise econômica e política

Gustavo Petro e sua vice, Francia Márquez, primeira mulher negra vice-presidente da Colômbia | Foto: Reprodução

Pela primeira vez na história, a Colômbia terá um presidente de esquerda. Com 99% das urnas contabilizadas, o ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro, de 62 anos, estava com 50,4% dos votos, derrotando o populista Rodolfo Hernández, de 77 anos, com 47,2%. A ativista ambiental Francia Márquez, companheira de chapa de Petro, é a primeira mulher negra a chegar à vice-presidência da Colômbia.

O esquerdista chega ao poder em sua terceira tentativa, depois de percorrer uma longa trajetória. Antes de entrar na vida democrática, foi guerrilheiro do grupo M-19, preso e exilado. Depois, foi eleito senador em duas ocasiões e prefeito da capital, Bogotá.

Entre suas propostas estão uma mudança do modelo econômico do país, tornando-o menos extrativista e com mais ênfase na produção agrária, industrial e científica. Ele também promete uma reforma agrária baseada na taxação de terras improdutivas e no aumento dos impostos aos colombianos mais ricos.

Trata-se do capítulo final de uma campanha que teve de tudo: ataques verbais, vazamentos de vídeos de reuniões de campanha, recusa em participar de debates, supostas ameaças de morte e até a sugestão de Petro de que poderia não aceitar o resultado, apontando supostas irregularidades do órgão eleitoral.

No meio da comemoração, surgiram bandeiras do M-19. Uma delas trazia a palavra “paz”, e outra, também com o nome da guerrilha, lembrava Carlos Pizarro, morto durante campanha para a Presidência, em 1990. “Hoje é um dia de festa para o povo. Que festejem a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos se apaziguem na alegria que hoje inunda o coração da pátria”, escreveu Petro no Twitter, após a divulgação do resultado. “Esta vitória é para Deus, para o povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e das praças.”

Hernández, por sua vez, reconheceu a derrota, afirmando em suas redes sociais que “a maioria dos colombianos que votaram escolheu o outro candidato”. “Como expressei reiteradamente, aceito o resultado, como deve ser para que nossas instituições sejam firmes. Sinceramente, espero que essa decisão tomada seja em benefício de todos. Desejo que o senhor Gustavo Petro saiba dirigir o país.”

O novo presidente da Colômbia encontrará o país com sérios problemas, especialmente nas áreas social, econômica e de segurança. Mesmo com uma projeção de crescimento do PIB de 6,1% para 2022, a inflação, em 9%, preocupa, assim como o desemprego, na casa dos dois dígitos, com índice de 11,1%.

Há forte insatisfação popular, refletida na onda de protestos de 2019 e 2021, quando manifestações para derrubar uma proposta de reforma tributária se expandiram em uma ampla gama de demandas, de uma sociedade mais inclusiva ao fim da violência no campo e à implementação total do acordo com as Farc.

Diferentemente do atual líder do país, Iván Duque, Petro quer não só completar esse objetivo, mas também reabrir o diálogo com a última guerrilha ainda em atividade, o ELN (Exército de Libertação Nacional).

* Com informações do portal UOL.