Ex-ministro concedeu entrevista à Folha, defendendo a presidente Dilma: “Não gostar do governo não é causa para impeachment”

Ciro Gomes e a presidente Dilma, durante convenção nacional do Pros, no ano passado | Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
Ciro Gomes e a presidente Dilma, durante convenção nacional do Pros, no ano passado | Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O ex-ministro Ciro Gomes, recém-filiado ao PDT, defendeu o governo da presidente Dilma, em entrevista à Folha de S. Paulo, neste domingo (20/9).

Munido do discurso de “golpismo”, ele acusa o senador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ambos do PSDB, de estarem orquestrando o impeachment “por pura vingança”. “Em 1999, quando houve a desvalorização do violenta do real e a popularidade do presidente foi ao chão, o PT começou o Fora FHC”, lembrou.

Assim, o ex-governador do Ceará questiona o que o tucanato faria se estivesse no poder. “Como dizia Brizola, ele [FHC] está costeando o alambrado do golpe. Qual é a proposta do PSDB? Ficar contra o fator previdenciário e a CPMF, que eles criaram? Contra o ajuste fiscal, que eles introduziram como valor supremo?”, ironizou o Gomes à Folha.

Questionado sobre quem iria às ruas defender o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), caso um pedido de impedimento seja aceito pelo Congresso, ele não titubeia: “Estarei na primeira fila. Muitos brasileiros vão se perfilar. Não é para defender Dilma, mas para defender a regra”.

Em seu sétimo partido, Ciro Gomes foi lançado à corrida presidencial de 2018 pelos correligionários do PDT — que mantém postura de independência quanto ao governo Dilma — na última semana. No entanto, independente de candidatura, fez questão de defender a legitimidade da presidente.

“Não gostar do governo não é causa para impeachment. Isso é um mecanismo
raro, a ser usado em caso de crime de responsabilidade imputável direta e
dolosamente ao presidente. Ninguém tem nada disso contra a Dilma”, afiançou.

Ao explicar a fragilidade de Dilma, Ciro acredita que “a zanga” do povo não é com a “corrupção”, mas sim com o “sentimento de ter sido enganada”. “O governo tem que se reorganizar politicamente e fazer uma gestão econômica coerente com o discurso que lhe deu a vitória. Ainda há tempo. O problema é que ela não tem projeto nem equipe”, arrematou o ex-ministro à Folha