Cientistas sociais analisam grande número de candidaturas em Goiânia
19 setembro 2020 às 12h49
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“Chapas puras foram formadas por um cálculo pessoal do candidato a prefeito, para catapultar a outros cargos em 2022”, aponta Guilherme Carvalho
A corrida pelo Paço nestas eleições será marcada pelo grande número de candidaturas. Atualmente, são 14 postulantes já que o PL da Dra. Cristina partiu para o apoio ao candidato do MDB, Maguito Vilela. E outras legendas menores ainda podem trilhar o mesmo caminho até o prazo final para o registro oficial junto à Justiça Eleitoral, no dia 26 de setembro.
Do total de candidaturas em Goiânia, nove são “chapas puras”, ou seja, não possuem o apoio de outros partidos. Para o cientista político Robert Bonifácio, esse arranjo se deve principalmente às novas regras eleitorais, que acabaram com as coligações.
“Para muitos partidos, é difícil atingir o quociente eleitoral sozinho, então, lança-se candidato a prefeito, mesmo sem chance de eleição, para chamar atenção aos candidatos a vereador do partido e, assim, tentar emplacar pelo menos uma vaga”, analisa Robert.
O cientista político Guilherme Carvalho aponta que a questão da legislação influenciava muito por conta da pressão que os parlamentares faziam sobre os candidatos a cargos majoritários no sentindo de agregar siglas com nomes relevantes. “Esses nomes acabavam puxando outros candidatos com menor competitividade eleitoral”, destaca.
“A lógica da montagem de chapa, agora, perpassa muito mais uma perspectiva de recursos financeiros. Quem pode levantar mais recursos ou dividir uma base eleitoral maior que contribui para minha eleição? A lógica é essa”, emenda o cientista político.
Na visão do cientista, os partidos que não quiseram ou não conseguiram montar alianças suprapartidárias, a exemplo de Adriana Accorsi do PT, enfrentaram dificuldades de interlocução com outras siglas e acabaram isolados. “Nas coligações, o que vimos foi que grandes partidos acabaram se integrando entre eles”, diz.
Estou dando o exemplo do PT porque acredito que foi a chapa mais competitiva que ficou ‘pura’
As pautas nacionais, segundo Guilherme, também acabaram influenciando o cenário local. O que inviabilizou, por exemplo, uma aliança entre MDB e PT na capital. “Estou dando o exemplo do PT porque acredito que foi a chapa mais competitiva que ficou ‘pura’. No caso do Cidadania, do Virmondes Cruvinel, e do Solidariedade, do Alysson Lima, acho que são candidaturas em que agregar aliança que fugisse ao projeto político deles não compensaria”, avalia.
“Em resumo, o PT ficou sem opção que mantivesse a coerência do seu discurso, além de ofertar uma base e recursos financeiros que compensassem. Enquanto as outras siglas como Solidariedade, Cidadania e PSL, foi por um cálculo pessoal do candidato a prefeito, para catapultar a outros cargos em 2022”, resume o cientista.