Oito instituições se uniram em torno de um estudo inédito sobre a causa de terremotos profundos na Amazônia. Cientistas brasileiros farão uma tomografia sísmica para avaliar a placa tectônica de Nazca com uma rede de 20 sismógrafos.

Quem coordena a pesquisa é o Laboratório Sismológico da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). O objetivo é obter detalhes a respeito da estrutura e descobrir a causa dos terremotos que ocorrem entre 550km e 650 km abaixo do solo.

A ocorrência atrai a curiosidade da comunidade científica porque pode explicar a diferença por trás de terremotos profundos e rasos. Afinal, por conta de variações de temperatura e pressão nessas profundidades, o mecanismo físico deve apresentar singularidades.

Os 20 sismógrafos devem avaliar a atividade no subsolo de três estados brasileiros: Amazônia, Acre e Rondônia; por onde passa a extremidade da placa de Nazca.

Trabalho científico

O pesquisador Jordi Julià Casas, do departamento de geofísica da UFRN, explicou em depoimento ao UOL que esses fenômenos “não deviam acontecer nessas profundidades”. Ainda assim, a região registra os terremotos de maior magnitude do Brasil, talvez pela proximidade com a Cordilheira dos Andes, onde há colisão de placas tectônicas e terremotos mais fortes.

Casas ainda afirma que muitos tremores passam desapercebidos pela superfície, ainda mais quando ocorrem em pontos mais profundos. Mesmo assim, ele destaca que tremores mais fortes podem ser sentidos mesmo em outras regiões do mais.

Segundo o pesquisador, um tremor profundo de 7,5 poderia afetar o Acre e até outros estados, por exemplo. Felizmente, entretanto, o maior tremor relatado em solo brasileiro aconteceu nessa mesma área, acima citada, no dia 20 de janeiro de 2024. Com o epicentro na cidade de Tarauacá, no Acre, o tremor ocorreu a 614,5km de profundidade e atingiu 6,6 graus de magnitude na Escala Richter.

O financiamento do projeto acontece através de recursos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Tectônicos.

Ao fim da pesquisa, com o projeto concluído, o estudo deve contribuir com a defesa civil na criação de planos de evacuação, estratégias e medidas de segurança com base nas novas informações.

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