Questionado por senador emedebista e líder do governo Bolsonaro, Fernando Bezerra, sobre qual era de fato a ligação entre esses dois indicadores, Pedro Hallal afirmou que cada um pode interpretar o estudo como quiser

Infectologista Pedro Hallal presta depoimento na CPI da Pandemia. | Foto: Jefferson Rudy.


Durante depoimento como convidado na CPI da Pandemia, nesta quinta-feira, 24, o infectologista Pedro Hallal apresentou um estudo que traz gráficos de mortalidade no Brasil, sendo que um desses se refere à mortalidade em geral no país e outro à mortalidade causada pela covid-19. Os mesmos gráficos apresentam informações cruzadas com o número de votos no presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), na eleição de 2018. 

Os gráficos mostrados mostram que nas cidades onde Bolsonaro foi mais votado, o número de mortes pelo coronavírus também foi maior. Durante essa evidenciação, Hallal foi questionado pelo senador Fernando Bezerra (MDB-PE), sobre qual seria a relação entre um fato e o outro. “Qual é a base científica para fazer uma afirmação dessa natureza?”perguntou Fernando. 

Pedro Hallal ressaltou então que cada pessoa poderia fazer a interpretação que julgasse mais correta do resultado. “A única coisa que eu estou trazendo aqui é que esse resultado não se observa por acaso, já que quando comparamos com as mortalidades em geral, não existe essa tendência. Essa tendência é específica pra covid-19.”, afirmou o infectologista. 

Estudos votos x mortalidade

Osvaldo Carvalho, doutor pela Université Pierre et Marie Curie, professor voluntário do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em desenvolvimento de sistemas para análises de taxas de atendimento do SUS, trabalhou em um estudo que evidencia uma relação entre as taxas de mortalidade por covid-19 e o voto contra ou a favor de Jair Messias Bolsonaro nos municípios. 

Segundo Osvaldo, ele chegou aos números que evidenciam essa relação por meio de um cálculo que é feito da seguinte forma: “Aplica-se a taxa média de mortalidade alcançada nos municípios onde Bolsonaro perdeu, à população dos municípios onde ele ganhou e depois subtrai-se o número de mortes por Covid-19 registrado nas cidades onde ele ganhou.”, afirmou Osvaldo.

Osvaldo ressaltou ainda que fatores como a cor da pele, a pobreza, o trabalho informal e a influência de Bolsonaro sobre seus apoiadores acabam reverberando no número de mortes por Covid-19 no Brasil.