China realiza maior desfile militar da história com apoio de Rússia e Coreia do Norte e envia sinais aos EUA

03 setembro 2025 às 17h52

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A China realizou nesta quarta-feira, 3, o maior desfile militar de sua história, em Pequim, exibindo novos armamentos e contando com a presença dos líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un. O evento, chamado de “Dia da Vitória”, marcou os 80 anos da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial e teve como objetivo mostrar ao mundo o crescimento do poderio militar chinês e enviar mensagens políticas ao Ocidente.
O presidente chinês, Xi Jinping, exibiu novos mísseis de longo alcance, incluindo o balístico intercontinental DF-5C, com alcance de 20.000 km, e o DF-61, móvel e reformulado. Pela primeira vez, a China mostrou sua tríade nuclear completa, que pode ser implantada por terra, mar e ar. Além disso, tanques, drones e armas hipersônicas estiveram entre os destaques do desfile.
“Hoje, a humanidade está diante da escolha entre paz ou guerra, diálogo ou confronto, ganhos mútuos ou soma zero”, disse Xi Jinping em discurso para mais de 50 mil pessoas na Praça da Paz Celestial. O líder chinês também cumprimentou representantes de governos ocidentais, além de chefes de Estado de países aliados, como Celso Amorim e a ex-presidente Dilma Rousseff, atualmente diretora do Banco do Brics.
Repercussão internacional
Em Washington, o presidente norte-americano Donald Trump elogiou o desfile, mas acusou Xi, Putin e Kim de utilizarem o evento para costurar uma “conspiração” contra os EUA. Putin negou qualquer intenção de confronto, afirmando que Trump “tem senso de humor”.
Na União Europeia, Kaja Kallas, chefe da diplomacia, classificou o encontro dos três líderes como “um desafio direto à ordem internacional” e um sinal “antiocidental”. “A guerra da Rússia na Ucrânia conta com o apoio da China. São realidades às quais a Europa deve enfrentar”, afirmou Kallas.
Especialistas em defesa alertam que a combinação de novos mísseis, drones e presença militar chinesa nos mares próximos pode dificultar a atuação de forças estrangeiras na região do Leste Asiático. Segundo James Char, professor de Defesa da China em Cingapura, a demonstração também visa mostrar às nações menores que a China se posiciona como uma “garantidora da paz” em um contexto de incerteza sobre o papel global dos EUA.
O desfile incluiu sobrevoos aéreos, tropas marchando e exibição de equipamentos de ponta. Xi vestiu traje inspirado em Mao Tsé-tung e destacou a importância do fortalecimento militar como forma de segurança nacional e afirmação geopolítica. O evento também serviu para reforçar alianças estratégicas com Rússia e Coreia do Norte e enviar um recado a Estados Unidos, Índia e Paquistão sobre a crescente ambição militar chinesa.
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