Chefe da PF responde Arthur Lira e deputados e afirma que não tem imunidade que protege crimes
04 dezembro 2024 às 21h00
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O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou que a imunidade parlamentar não confere autorização para práticas criminosas. A declaração foi uma resposta às críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e de outros parlamentares sobre a atuação da PF.
“Não há direito absoluto, não há essa imunidade absoluta que alguns querem se escudar para cometer crimes”, destacou Rodrigues, durante um café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira, 4. Ele exemplificou:
“Vocês imaginem ir para a tribuna e começar a anunciar venda de cocaína, maconha, venda de criança. É razoável, aceitável isso? É liberdade de expressão? Isso é crime. E atacar a honra das pessoas é crime igual. Não há nada que vá afastar a Polícia Federal do seu eixo de atuação, que a nossa garantia não é a opinião de quem quer que seja, são as leis e a Constituição”, disse Rodrigues.
As críticas vieram após o indiciamento, em novembro, dos deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) por calúnia e difamação contra o delegado Fábio Shor, responsável por investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Arthur Lira defendeu que há imunidade para discursos feitos no plenário e sugeriu investigar possíveis abusos de autoridade na Polícia Federal. Além disso, deputados têm reclamado de ações recentes da PF, que investigam Bolsonaro e seu círculo político.
Rodrigues ressaltou que as investigações foram conduzidas com aval do Supremo Tribunal Federal (STF) e parecer da Procuradoria-Geral da República, uma vez que envolvem parlamentares com foro privilegiado. Ele ainda esclareceu que deputados só podem ser presos em flagrante e por crimes inafiançáveis.
“Não são vozes da minha cabeça, tem lastro técnico. O foro adequado para essa discussão não é aqui, é no Judiciário. Sou o primeiro interessado em apurar abuso e excessos cometidos na PF”, disse o delegado.
“Não adianta ficar lacrando para internet. Se tem abuso, excesso, é importante que isso seja documentado e apresentado para quem de direito apurar”, considerou.
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