Até o momento, mais de 700 pessoas morreram em quatro países da África Ocidental

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Diagnosticar o Ebola é difícil porque os primeiros sintomas, como olhos avermelhados e erupções cutâneas, são comuns

A chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, disse nesta sexta-feira (1º/8) que o surto de ebola na África Ocidental está fora de controle, mas pode ser contido. “Se a situação continuar se deteriorando, as consequências podem ser catastróficas em termos de perdas de vidas humanas, mas também para a perturbação sócio-econômica e alto risco de contágio em outros países”, advertiu.

A declaração foi direcionada aos presidentes dos quatro países atingidos pela epidemia: Guiné, Libéria, Serra Leoa e Costa do Marfim. A reunião ocorreu na capital de Guiné, Conacri, e se dá após os primeiros anúncios de suspensão de voos. Mais de 700 pessoas já morreram de ebola desde o início da pandemia.

Margaret Chan disse que a doença está se espalhando muito rapidamente e que essa propagação descontrolada está prestes a provocar perdas humanas catastróficas. Segundo ela, a situação chegou a este ponto porque a resposta ao surto foi inadequado e o vírus tem se movimentado mais rápido que os esforços em controlá-lo.

Os líderes que estão reunidos em Conacri organizam uma mobilização de centenas de médicos extras. A empreitada está estimada em mais de 100 milhões de dólares dos cofres da OMS. Este plano também visa reforçar o cordão sanitário nas fronteiras.

A epidemia de ebola tem se concentrado em áreas rurais de difícil acesso, mas também há registros consideráveis em cidades.

A doença
(reprodução do site da ONG Médicos Sem Fronteiras)

O que causa o Ebola?
O Ebola pode ser contraído tanto de humanos como de animais. O vírus é transmitido por meio do contato com sangue, secreções ou outros fluídos corporais.
Agentes de saúde frequentemente são infectados enquanto tratam pacientes com Ebola. Isso pode ocorrer devido ao contato sem o uso de luvas, máscaras ou óculos de proteção apropriados.
Em algumas áreas da África, a infecção foi documentada por meio do contato com chimpanzés, gorilas, morcegos frutívoros, macacos, antílopes selvagens e porcos-espinhos contaminados encontrados mortos ou doentes na floresta tropical.
Enterros onde as pessoas têm contato direto com o falecido também podem transmitir o vírus, enquanto a transmissão por meio de sêmen infectado pode ocorrer até sete semanas após a recuperação clínica.
Ainda não há tratamento ou vacina para o Ebola.

Sintomas
No início, os sintomas não são específicos, o que dificulta o diagnóstico.
A doença é frequentemente caracterizada pelo início repentino de febre, fraqueza, dor muscular, dores de cabeça e inflamação na garganta. Isso é seguido por vômitos, diarreia, coceiras, deficiência nas funções hepáticas e renais e, em alguns casos, sangramento interno e externo.
Os sintomas podem aparecer de dois a 21 dias após a exposição ao vírus. Alguns pacientes podem ainda apresentar erupções cutâneas, olhos avermelhados, soluços, dores no peito e dificuldade para respirar e engolir.

Diagnóstico
Diagnosticar o Ebola é difícil porque os primeiros sintomas, como olhos avermelhados e erupções cutâneas, são comuns.
Infecções por Ebola só podem ser diagnosticadas definitivamente em laboratório, após a realização de cinco diferentes testes.
Esses testes são de grande risco biológico e devem ser conduzidos sob condições de máxima contenção. O número de transmissões de humano para humano ocorreu devido à falta de vestimentas de proteção.
“Agentes de saúde estão, particularmente, suscetíveis a contraírem o vírus, então, durante o tratamento dos pacientes, uma das nossas principais prioridades é treinar a equipe de saúde para reduzir o risco de contaminação pela doença enquanto estão cuidando de pessoas infectadas”, afirma Henry Gray, coordenador de emergência de MSF durante um surto de Ebola em Uganda em 2012.
“Nós temos que adotar procedimentos de segurança extremamente rigorosos para garantir que nenhum agente de saúde seja exposto ao vírus, seja por meio de material contaminado por pacientes ou lixo médico infectado com Ebola”.

Tratamento
Ainda não há tratamento ou vacina específicos para o Ebola.
O tratamento padrão para a doença limita-se à terapia de apoio, que consiste em hidratar o paciente, manter seus níveis de oxigênio e pressão sanguínea e tratar quaisquer infecções. Apesar das dificuldades para diagnosticar o Ebola nos estágios iniciais da doença, aqueles que apresentam os sintomas devem ser isolados e os profissionais de saúde pública notificados. A terapia de apoio pode continuar, desde que sejam utilizadas as vestimentas de proteção apropriadas até que amostras do paciente sejam testadas para confirmar a infecção.
MSF conteve um surto de Ebola em Uganda em 2012, instalando uma área de controle entorno do centro de tratamento.
O fim de um surto de Ebola apenas é declarado oficialmente após o término de 42 dias sem nenhum novo caso confirmado.