COMPARTILHAR

Candidatos impugnados se reuniram com a coordenadora-geral da campanha marconista, a senadora Lúcia Vânia, para declarar novamente apoio à chapa tucana, porém, não houve consenso 

“Sempre fomos Marconi.” Foi com essa justificativa que 45 candidatos a deputado federal dos partidos PHS, PSL, PEN, PMN, PV e PTC — integrantes da chapinha que foi indeferida em julho pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) — voltaram à base do governador Marconi Perillo (PSDB), desistindo da debandada anunciada no último dia 20 à coligação peemedebista, encabeçada pelo oponente histórico do tucano, Iris Rezende. O retorno foi oficializado no fim da tarde desta terça-feira (9/9) durante reunião com a coordenadora-geral da campanha marconista, a senadora Lúcia Vânia.

O Jornal Opção Online acompanhou com exclusividade o encontro que durou cerca de uma hora e meia. Na ocasião, os candidatos impugnados demonstraram sua insatisfação para com a coligação “Garantia de um Futuro Melhor para Goiás”, liderada por Marconi, no que diz respeito à ausência de estrutura para os nomes com menor representatividade política em detrimento dos componentes da chapa majoritária. Também foi pauta da reunião o suposto desinteresse por parte do governador em auxiliar os integrantes da chapinha indeferida, o que teria causado a “mudança de lado”. “Porque o governador não nos apoiou após a decisão do TRE?”, reclamou o candidato Major Belelli (PHS). “O governador nos procurou somente depois que fomos ao Iris”, acrescentou  o candidato Magno Ramos (PHS).

[relacionadas artigos=”13218″]

Em resposta, a senadora Lúcia Vânia deixou claro que, apesar de não ter havido um pronunciamento em público, a coligação acompanhou de perto todo o processo relacionado à impugnação dos candidatos. “Nós acompanhamos na Justiça, mas sabíamos que pela jurisprudência do caso seria difícil um parecer favorável”, disse. A coordenadora também alertou os candidatos presentes quanto à perda de prazos na Justiça Eleitoral, motivo pelo qual a chapinha foi impugnada. “A perda de prazos é mortal”, destacou.

“Quando você é membro do partido você não pode delegar a reponsabilidade para terceiros em relação aos trâmites na Justiça eleitoral”, asseverou a senadora, após um dos candidatos insistir na teoria de que a coligação não teria se importado o suficiente  com a situação pesarosa em que a chapinha se encontrava.

Reivindicações à parte, foram acertados dois pontos durante o encontro. O primeiro deles diz respeito ao recurso que ainda corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em favor do deferimento das candidaturas dos 45 deputados; algo juridicamente difícil de ocorrer, mas não impossível. Ainda assim, Lúcia Vânia se comprometeu a continuar acompanhando o caso de perto com toda a assistência jurídica necessária.

Também foi acordado durante a reunião uma maior participação dos candidatos impugnados na campanha de reeleição do governador Marconi Perillo. A previsão é de que o grupo concentre seus esforços em apenas uma região do Estado, provavelmente, a região sudoeste.

Em relação à ausência de estrutura alegada pelos candidatos, Lúcia Vânia também se comprometeu a levar as reivindicações aos componentes da chapa majoritária.

Incongruência política?

Em entrevista ao Jornal Opção Online, um dos representantes da chapinha, Felipe Cortez (PHS), alegou que a debandada à ala peemedebista não passou de um desencontro de informações. “No nosso entendimento, o governador estava se esquivando do fato, mas ele nos chamou e não sabia de nada. Ele está disposto a nos ajudar, e como sempre fomos Marconi Perillo resolvemos voltar”, disse.

No último dia 20, durante reunião no comitê político irista, também em nome dos demais candidatos, Felipe fez duras críticas à gestão do governador Marconi Perillo e alegou que o grupo teria sofrido um “golpe”, uma vez que eles tinham a expectativa de eleger ao menos dois nomes à Câmara Federal, e este não seria o interesse da base aliada. Confrontado com o teor de suas declarações, o político reiterou que foi motivado por “informações equivocadas”. “Não foi questão de negociação. Foi uma questão de esclarecimento”, acrescentou.

Entenda o Caso

O TRE-GO indeferiu a chapinha para deputado federal formada por PHS, PSL, PEN, PTC, PMN e PV deixando quase cinco dezenas de potenciais candidatos a ver navios. Originalmente, 51 pessoas compunham a chapa em questão. O problema é que sua composição não respeitava a reserva mínima de candidaturas por sexo, que é de 30%. Com 36 homens e 15 mulheres, o grupo tinha “apenas” 29,41% de candidatas femininas.

Com esta pendência no Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (Drap), os desembargadores Walter Carlos Lemes (presidente do TRE) e Airton Fernandes de Campos (relator do caso), e o procurador regional eleitoral Marcello Santiago Wolff assinaram a sentença de impugnação no dia 24 de julho.

A chapa tinha até o dia 27 para entrar com o recurso. A simples desistência de um dos candidatos adequaria a chapa à lei, pois faria com que tivesse 35 homens e 15 mulheres, que representariam exatamente 30% dos candidatos. Acontece que o curto prazo do recurso foi perdido, o que fez a sentença ficar transitada em julgado, isto é, ser definitiva.