*Matéria atualizada às 11h15

O julgamento dos sete policiais acusados de envolvimento na Chacina da Chapada estava marcado para esta quarta-feira, 25, a partir das 9 horas, no Fórum Criminal de Goiânia. O Ministério Público os denunciou por homicídio qualificado e fraude processual, e o Tribunal de Justiça de Goiás determinou que eles vão a júri popular. No entanto, o juri não aconteceu e foi remarcado para o dia 18 de agosto.

O caso aconteceu em 20 de janeiro de 2022 e deixou quatro vítimas, atingidas por 58 disparos de arma de fogo, segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público. Os sargentos Aguimar Prado de Morais e Mivaldo José Toledo, o cabo Jean Roberto Carneiro dos Santos e os soldados Luís César Mascarenhas Rodrigues, Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida, Welborney Kristiano Lopes dos Santos e Eustáquio Henrique do Nascimento são acusados de armar uma emboscada para as vítimas.

Em nota enviada ao Jornal Opção, a Polícia Militar informou que quando os fatos aconteceram, já foram adotados procedimentos administrativos e que o caso segue em tramitação na esfera judicial – confira nota na íntegra abaixo. 

As vítimas eram moradores da região e conhecidos da comunidade local: Alan Pereira Soares, Ozanir Batista da Silva (conhecido como Jacaré), Salviano Souza Conceição, e Antônio da Cunha dos Santos (Chico Kalunga).

O Tribunal do Júri aconteceria, inicialmente, em Cavalcante. Entretanto, foi transferido para Goiânia, por decisão judicial, para garantir a imparcialidade dos jurados devido a comoção e difusão do caso na comunidade local. 

A maioria dos disparos foram de fuzil e não há indício de revide por parte das vítimas, apontou a investigação. Os laudos periciais apontaram que não foram encontrados vestígios de disparos nas armas que teriam sido apreendidas com as vítimas, nem cápsulas deflagradas compatíveis com um suposto confronto. 

A versão dos policiais foi questionada, na época. Eles foram presos preventivamente em 2022, após movimentação popular e pedido do Ministério Público, mas atualmente respondem em liberdade, sob medidas cautelares. As denúncias de execução sumária, supressão de provas e violência policial desproporcional colocaram o episódio em evidência no estado.

Versão dos policiais

Na versão inicial da Polícia Militar, a propriedade onde as vítimas morreram possuía uma grande plantação de maconha, o que foi desmentido pela investigação. Os laudos técnicos identificaram apenas quatro pés de cannabis, que foram queimados pelos próprios policiais antes da chegada da perícia no local.

Os policiais estavam em uma operação do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT), em Cavalcante, na região da Chapada dos Veadeiros, e nenhum deles foi ferido na ação. Segundo os autos,  os sete militares já apareciam em outras investigações relacionadas a mortes em operações policiais na mesma região.

Nota da Polícia Militar 

“A Polícia Militar de Goiás (PMGO) informa que, à época dos fatos, os procedimentos administrativos pertinentes foram prontamente adotados, em conformidade com a legislação vigente.

O caso segue em tramitação na esfera judicial, instância responsável pela condução das demais fases e pelas devidas deliberações processuais. Informamos que a Corporação segue colaborando com o Poder Judiciário e cumprindo fielmente suas decisões.”

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