Goiás tem índice de conciliação trabalhista acima da média nacional

15 setembro 2025 às 18h41

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Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que o Centro-Oeste registrou 236.474 novas ações trabalhistas entre janeiro e julho de 2025. No mesmo período, foram realizadas 89.976 audiências conciliatórias, resultando em um índice de conciliação de 23,32% nos últimos 12 meses, acima da média nacional de 21,06%.
Para Lucas Pena, CEO do Grupo Pact Insights, os números mostram que a região demonstra ser possível consolidar a cultura da conciliação no âmbito trabalhista. “Quando há disposição ao diálogo, empresas e trabalhadores encontram soluções mais rápidas e menos onerosas. Isso gera eficiência para a Justiça do Trabalho, reduz custos e dá previsibilidade ao setor produtivo”, afirma o executivo.
Entre os estados do Centro-Oeste, o destaque é Mato Grosso, com índice de 27,35%, seguido de Mato Grosso do Sul (25,35%), Goiás (25%) e Distrito Federal (16,49%).
Clima mais amistoso favorece acordos em Goiás
A advogada trabalhista Gabriela Medina avalia que fatores culturais e institucionais contribuem para o desempenho regional, em especial em Goiás. “Acredito que a quantidade de empresas familiares e a proximidade com seus empregados têm influência. Além disso, o TRT da 18ª Região trabalha forte o acordo e a conciliação”, afirmou ao Jornal Opção.

Segundo ela, para o trabalhador, a principal vantagem é a rapidez em receber seus direitos e a previsibilidade do resultado. Já para as empresas, a conciliação reduz o tempo de processo e permite maior controle sobre o valor a ser pago. “A possibilidade de negociar diminui o passivo e evita, em casos mais complexos, ofícios e ações derivadas das ações trabalhistas”, explica.
Apesar dos bons índices, há disparidades relevantes entre os estados. O Distrito Federal, por exemplo, apresenta o pior desempenho da região, com apenas 16,49% de acordos. Gabriela atribui essa diferença ao ambiente social e jurídico da capital. “Em Goiás temos um clima mais amistoso, de interior, que facilita sentar à mesa e negociar. No DF, o distanciamento e a formalidade dificultam bastante a conciliação, além da cultura de maior acesso à informação e conhecimento jurídico”, pontua.
Apesar de defender a prática, a especialista diz que a conciliação não pode ser vista como solução única para reduzir o estoque de quase 3 milhões de ações trabalhistas ajuizadas apenas no primeiro semestre deste ano no país. “Não encontraremos, na Justiça, uma medida que magicamente reduza a quantidade de processos. A conciliação é uma aliada, mas precisamos de mudanças na sociedade, especialmente por parte dos empregadores, com incentivos de prevenção ao litígio, boas práticas de compliance trabalhista e fortalecimento dos sindicatos para negociações coletivas mais eficientes”, conclui.
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