Cenário crítico da Covid-19 não se deve à vinda de manauaras, mas ao relaxamento de medidas, diz especialista
18 março 2021 às 11h42

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Em Goiânia cepa de Manaus prevalece, mas especialista destaca que não é possível atribuir a vinda dos pacientes do Norte como causa da piora da situação

Em Goiânia, foi comprovado que 93% de contaminação correspondem a cepa P1, de Manaus. A confirmação veio após a Universidade Federal de Goiás, realizar por meio de laboratório do Hospital das Clínicas, o sequenciamento genético de amostras que representam casos gerais na capital e que foram apresentadas pela Secretaria Municipal de Saúde na última quarta-feira, 17.
Na avaliação do médico infectologista, Marcelo Daher não é possível afirmar que Goiás seja o epicentro da Covid-19. “Difícil falar em epicentro quando está em uma situação de total descontrole no país inteiro, podemos estar no epicentro agora e o epicentro amanhã pode mudar para o Rio Grande do Sul, que também vive uma situação extremamente complicada ou São Paulo, na verdade a situação está fora de controle no Brasil todo”, pontua.
Para o especialista, o cenário crítico de hoje está relacionado ao relaxamento das medidas desde o fim do ano passado até o início deste ano. “Claramente o Brasil não conseguiu e não está conseguindo controlar a doença da maneira adequada, talvez o fato de ter menosprezado mais uma vez a doença quando ela começou a diminuir em novembro, e isso seria consequência de tudo que aconteceu em dezembro e janeiro com festas e viagens, aumentando enormemente a taxa de transmissão, somado a isso a falta de máscara adequada, falta de cuidados de distanciamento e de políticas claras e concisas em relação a doença e prevenção”, afirma.
Em Goiás, o infectologista destaca que não é possível responsabilizar a vinda dos pacientes de Manaus como um causa da piora da situação. “Eu avalio que a vinda dos pacientes de Manaus para cá não seria o responsável pela circulação da variante aqui, por exemplo, nós estamos tendo a circulação também da variante inglesa aqui e descrito já uma outra variante. Não foram os pacientes de Manaus responsáveis por isso, a circulação já vinha acontecendo e eles vieram para ambientes fechados e não foi isso que trouxe a doença para cá”, conclui.
