Celas desumanas e comida estragada: relatório denuncia abusos nas prisões da Venezuela
30 dezembro 2024 às 17h20
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Ativistas denunciam celas desumanas, comida estragada, recusa de contato com advogados e familiares e tortura dentro de prisões da Venezuela. De acordo com os ativistas, a situação se agravou após a reeleição questionada de Nicolás Maduro. Ao menos 2,4 mil pessoas foram detidas em meio a protestos relacionados às eleições. Eles são classificados como presos políticos.
De acordo com publicação do Comitê de Familiares e Amigos pela Liberdade dos Presos Políticos (CLIPPVE), é preciso examinar as condições carcerárias dos presos políticos na Venezuela, que afirmam ter sido agravadas após o contexto pós-eleitoral de 2024.
“Em apenas 16 dias foram registradas em média 150 prisões diárias, superando consideravelmente a repressão estatal dos tempos de mobilização de 2014, 2017 e 2019, e até mesmo dos dias de protesto realizados recentemente na Nicarágua”, diz o texto.
O relatório aponta a morte de três pessoas presas durantes as manifestações e faz um “um trágico lembrete” das “condições extremas” e das “violações dos direitos humanos enfrentadas pelos presos políticos”.
O Ministério Público, por sua vez, afirma respeitar o “devido processo”, iniciou um processo de revisão do caso em meados de novembro, o que levou à libertação de mais de 900 detidos, incluindo todos os menores de idade.
“Ao fato de estarem detidos arbitrariamente e presos injustamente, há que acrescentar o sofrimento exponencial que sofrem devido às duras e desumanas condições de encarceramento a que estão submetidos”, diz o documento.
O relatório feito por ativistas diz que detentos sofrem “tortura física e psicológica” e são submetidos a “isolamento prolongado e à negação de contato com familiares ou advogados”. Além disso, condições sanitárias precárias e para o preparo de refeições são citadas.
“A comida em diversas ocasiões contém insetos, está decomposta ou não está suficientemente cozida. As refeições são minúsculas e insuficientes, o que se traduz na perda de peso e em doenças estomacais”, completa o documento.
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