Castelo Branco não cassou Iris, como justificam vereadores para mudar nome de avenida

30 novembro 2021 às 16h39

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General foi presidente até março de 1967 e morreu ainda naquele ano; já o prefeito emedebista foi cassado em 1969, por Costa e Silva
Ao apresentarem na Câmara de Goiânia projeto de lei para renomear de Avenida Castelo Branco para Avenida Iris Rezende Machado, parlamentares justificaram reparação histórica. Clécio Alves (MDB), que assina o documento, e Marlon (Cidadania) alegam no texto que o general-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco teria sido o responsável pela cassação do primeiro mandato de prefeito do emedebista.
O projeto foi assinado pelos 35 vereadores, incluindo o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota). Na justificativa da matéria, Clécio justifica que “o próprio Castelo Branco foi quem cassou os direitos políticos de Iris Rezende Machado, um fato que a história mostrou como uma das maiores injustiças já praticadas contra esse grande homem público”.
No entanto, as datas não batem: com base no Ato Institucional nº 5, Iris Rezende deixou a Prefeitura de Goiânia em 17 de outubro de 1969, quando Castelo Branco já havia repassado o cargo de presidente a Artur da Costa e Silva havia mais de dois anos – ele foi presidente do Brasil de abril de 1964 até março de 1967, tendo perdido a vida em julho daquele mesmo ano, em um acidente aéreo.
Quando Iris foi de fato cassado, quem governava o Brasil era uma Junta Militar, composta pelo almirante Augusto Rademaker, pelo general Aurélio de Lira Tavares e pelo brigadeiro Márcio de Sousa Melo, ministros das três Forças Armadas.
Ao perder o mandato, o emedebista estava prestes a inaugurar uma de suas mais célebres obras, o Parque Mutirama. Ele tentou, inclusive, uma brecha jurídica para tentar inaugurar o parque naquele ano. A cassação de seu mandato, que suspendeu os direitos políticos por dez anos, foi emitida em 17 de outubro de 1969, legalmente baseada no AI-5, promulgado no governo de Costa e Silva.
Ao Jornal Opção, o próprio vereador Marlon, que encabeçou a proposta com o emedebista Clécio Alves, explicou que o objetivo seria uma espécie de reparação histórica. “Iris teve seu mandato cassado pelo presidente Castelo Branco. Na Alemanha não tem nenhuma rua que homenageia Hitler, no Iraque não tem nenhuma rua que homenageia Saddam Hussein, só em Goiânia que temos uma rua que homenageia o primeiro presidente da ditadura militar. Isso é um erro que precisamos consertar para as próximas gerações”, declarou.
Inicialmente, o objetivo era alterar o nome da Avenida Anhanguera para “Avenida Anhanguera Iris Rezende Machado”. O projeto foi apresentado no dia 11 de novembro e aprovado por quase todos os parlamentares da Casa, mas não pôde entrar em vigor devido a impedimentos impostos pela Lei Orgânica do Município.
Abaixo a íntegra do substituto do projeto de lei: