A miocardite em decorrência da vacina contra o vírus é bem inferior, e as entidades ressaltarão que os benefícios da imunização superam os riscos

Baseado em evidência científica, a Sociedade Goiana de Pediatria (SGO) foi categórica ao afirmar que a chance de um evento adverso, como a miocardite, é 20 vezes maior em pacientes pediátricos não vacinados que se infectam com o coronavírus do que em quem tomou todas as doses necessárias para se proteger do vírus.

Uma nota divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), explica que “a evolução dos casos de miocardite e pericardite pós-vacina tem sido benigna em praticamente todos os casos, havendo recuperação total em cerca de uma semana, sem relatos de complicações mais graves”.

A posição das entidades vieram à tona por conta da divulgação de vídeos e mensagens sem fundamentos científicos que afirmam que as vacinas contra o Covid-19 podem causar problemas de saúde em crianças, inclusive a miocardite. A SGP é categórica ao dizer que a vacinação supera os possíveis riscos associados ao imunizante e reforça a posição de apoio à decisão da Anvisa de permitir a aplicação das doses em pacientes da faixa etária entre cinco e 11 anos.

Ao Jornal Opção, o médico infectologista, Marcelo Daher, afirmou que “no mundo todo, mais de seis milhões de crianças já foram vacinadas com o imunizante da Pfizer e existem zero óbitos relacionados à vacina” afirmou o especialista em infecções contagiosas. “Já a Covid-19 mata e deixa sequelas. O Brasil é um dos países com maior número de mortes entre crianças”. Os números oficiais são 2.625 mortes entre crianças e adolescentes no país; o que significa quatro mortes por dia desde o começo da pandemia. 

Zacharias Calil, médico e cirurgião pediátrico, também refuta as fake news levantadas recentemente. “Temos muitos estudos mais recentes que provam a segurança dos imunizantes”, diz Zacharias Calil. “Eu acompanhei o trabalho da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e afirmo que o padrão de segurança é o esperado para a aplicação na população. Não há efeitos adversos entre as crianças que sejam muito diferentes dos observados nos adultos”. 

O departamento de Cardiologia Pediátrica da SGP, em concordância com as entidades acima mencionadas, também confirma que crianças portadoras de cardiopatias são um grupo mais suscetível às complicações ocasionadas por infecções respiratórias, sejam elas bacterianas ou virais. Por isso, a vacinação contra covid-19 nestes casos é extremamente necessária no atual momento. Como base de comparação, análises mostram que os efeitos da vacina Comirnaty (Pfizer/BioNTech) são muito parecidos com os de outros imunizantes que já são utilizados por pacientes pediátricos cardiopatas.

No Brasil, na sexta-feira, 14, o  indígena de 8 anos, Davi Seremramiwe, da etnia Xavante, foi a primeira criança brasileira a ser imunizada contra a Covid-19, em São Paulo. Além dele, outras 14 crianças foram vacinadas durante o evento realizado e transmitido pelo Governo de São Paulo. Em Goiás, a vacinação pediátrica está marcada para começar na segunda-feira, 17.