Casal é preso suspeito de vender medicamentos abortivos pela internet

19 janeiro 2023 às 16h59

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Um casal foi preso na manhã desta quinta-feira, 19, suspeito de vender medicamentos abortivos pela internet. A Polícia Civil os flagrou mantendo um depósito que seria utilizado para esse fim em Morrinhos, cidade localizada a 131 km de Goiânia. No local foram encontradas cartelas com pílulas abortivas, além de computares que armazenavam arquivos de gerenciamento das vendas.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de três suspeitos, e em um desses endereços um homem e uma mulher foram presos em flagrante por manter em depósito o medicamento Cytotec (misoprostol), utilizado em práticas abortivas. Eles foram autuados no crime de comércio clandestino de medicação, com pena de reclusão de 10 a 15 anos.
De acordo com o delegado Daniel de Oliveira, da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), a polícia sempre monitora esse tipo de crime e ainda apura as denúncias que recebe. No caso da prisão de hoje, o delegado informou que “houve um encaminhamento por iniciativa do Ministério Público Federal, declinando da atribuição por entender que a competência para apuração e julgamento seria estadual”, o que deflagrou a operação.
Os anúncios para promover a venda dos abortivos eram feitos em sites e aplicativos de mensagens. Nesses espaços, segundo a polícia, os envolvidos fariam ainda a orientação sobre como realizar um aborto.
Há pouco mais de um mês, reportagem do Jornal Opção denunciou a existência de grupos de aborto nas redes sociais como Facebook e WhatsApp. Ao se infiltrar com exclusividade nesses espaços coletivos, nossa equipe flagrou 130 mulheres que supostamente desejavam interromper a gravidez participando de uma espécie de grupo de apoio que era coordenado por criminosos que se identificavam como médicas e enfermeiras.
O uso de medicação abortiva longe do ambiente hospitalar e sem acompanhamento de uma equipe especializada é muito mais arriscado do que muitas mulheres costumam pensar, segundo a ginecologista, Mariana Lobo. “As pessoas que costumam comprar esse medicamento, normalmente o usam em doses exageradas. Isso, com certeza, pode gerar riscos à saúde da mulher, como sangramentos uterinos e contrações do útero irregulares”, alertou.
Aborto legal
Em Goiás, o aborto legal é realizado pelo Hospital Estadual da Mulher (HEMU). No ano passado, foram registrados 30 abortos legais no ano passado, sendo 27 por estupro, 01 por malformação e 02 por anencefalia. E vale lembrar que a lei brasileira permite o aborto apenas em quatro casos: estupro, quando há risco para a vida da mãe, feto com anencefalia ou malformação. Entre 2021 e 2022, houve um aumento de 43,3% no número de mulheres que foram submetidas ao procedimento legal em Goiás.