Carro que seria usado pelo PCC para matar promotor estava sendo preparado em Goiás, contou informante

29 agosto 2025 às 16h49

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O Primeiro Comando da Capital (PCC) monitorou a rotina do promotor de Justiça Amauri Silveira Filho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), após a deflagração da Operação Linha Vermelha, em Campinas, para tentar matá-lo.
O plano da facção, segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que incluía a execução do promotor, foi desmantelado nesta sexta-feira, 29, com a prisão dos principais suspeitos. O carro que seria usado no crime estava sendo preparado em Goiás.
De acordo com as investigações, criminosos chegaram a levantar informações sobre os hábitos pessoais de Amauri, como a academia que ele frequenta.
O MP classificou o caso como a primeira fase de um plano de execução que só não foi concluído porque foi descoberto a partir de uma denúncia anônima recebida na quarta-feira, 27. Segundo a informação, uma Hilux SW4 blindada, de cor branca pérola, estava sendo preparada.
O veículo teria recebido uma placa fria e a adaptação para instalar uma metralhadora calibre .50, armamento capaz de perfurar blindagens e derrubar aeronaves. Além disso, o informante revelou que pistoleiros de aluguel seriam contratados, incluindo um executor vindo do Rio de Janeiro.
O atentado seria financiado com a venda de um Porsche avaliado em quase R$ 500 mil. O braço operacional do esquema seria José Ricardo Ramos, dono da empresa JR Ramos Transportes, com histórico de crimes como homicídio qualificado e roubo.
Ele teria se aproximado ainda mais da facção em troca de benefícios nos negócios. Outro investigado é Maurício Silveira Zambaldi, empresário do setor automotivo e dono da concessionária Dragão Motos, suspeita de lavagem de dinheiro para o PCC.
Durante a Operação Linha Vermelha, deflagrada em fevereiro, Zambaldi quebrou o celular ao perceber a chegada das autoridades, inviabilizando a extração de dados.
Zambaldi teria perdido prestígio dentro da facção e foi pressionado por Sérgio Luiz de Freitas Filho, o “Mijão”, integrante da Sintonia Final da Rua do PCC e atualmente foragido na Bolívia, a dar uma “resposta”. Para isso, teria financiado parte do plano contra o promotor.
Investigações confirmam esquema
As apurações do Gaeco cruzaram informações de registros de veículos, viagens e transações imobiliárias. Ramos teria adquirido e vendido um Porsche 911 Carrera em curto período, levantando suspeitas de movimentação financeira ligada ao financiamento do atentado.
O MP também descobriu que Zambaldi transferiu imóveis para Ronaldo Alexandre Vieira, ligado à empresa Avantex Empreendimentos e Participações Ltda, de propriedade do filho de “Mijão”.
Diante das provas, a Justiça autorizou a prisão de Ramos e Zambaldi. O juiz Caio Ventosa Chaves, da 4ª Vara Criminal de Campinas, classificou o esquema como um plano “macabro”.
O Ministério Público de São Paulo ainda apura a possibilidade de outros alvos da facção, incluindo um comandante da Polícia Militar não identificado. O espaço segue aberto para manifestação das defesas dos citados.
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