Cardiologista famoso é acusado de assédio por 3 mulheres e MP cria canal de denúncias. Ele nega
29 maio 2021 às 10h52
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Três mulheres denunciaram o médico Nabil Ghorayeb, professor do Instituto Dante Pazzanese e da Unifesp e colunista do site do Globo Esporte
A “Veja” publicou a reportagem “MP-SP abre canal de denúncias contra cardiologista acusado de assédio” na quarta-feira, 26. Pelo e-mail ([email protected]) disponibilizado pelo Ministério Público, mulheres, se quiserem, podem apresentar denúncias contra o médico Nabil Ghorayeb. O cardiologista é acusado por três pacientes de ter cometido “supostos crimes de assédio sexual”. Segundo a revista, “todo o material será processado e analisado pelo Núcleo de Gênero do Centro de Apoio Operacional Criminal (CAOCrim). O grupo é o mesmo que atuou no atendimento às vítimas do médium João de Deus [de Abadiânia, em Goiás] e do nutrólogo Abib Maldaun Neto”.
O Ministério Público preservará o anonimato das fontes. “É muito importante que as mulheres procurem o Ministério Público e denunciem pelo canal. Basta enviar um e-mail com os dados pessoais e um breve relato sobre o fato. O canal Somos Muitas foi usado com sucesso para receber denúncias contra João de Deus e em outros casos de grande repercussão e que envolviam muitas vítimas. Todas serão atendidas”, afirma Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do MP-SP.
Nabil Ghorayeb é apontado como uma referência na área de medicina esportiva do país. A 2ª Delegacia de Defesa da Mulher está investigando o que foi denominado como “crime de importunação sexual”.
Uma das mulheres, Bárbara Leite, garante ter sofrido assédio sexual de Nabil Ghorayeb em duas ocasiões. A primeira teria sido em 2017. Ele acompanhou o pai, no consultório do médico, que começou a elogiar sua beleza. “Na hora não considerei assédio porque estava com os meus pais, mas era”, sublinha. Na segunda, ao buscar uma receita para o pai, o médico a teria abraçado e beijado. “Eu percebi que estava sendo assediada, mas não fiz nada porque pensei no estado de saúde do meu pai. Naquele momento, a vida dele era mais importante”, sublinha.
Jane P. (nome sugerido pela mulher) também conta que foi assediada duas vezes. “Na primeira consulta, em vez de perguntar o que eu sentia, ele elogiou os meus seios.” Noutra consulta, o médico teria tentado beijá-la. Segundo a mulher, Ghorayeb chegou a convidá-la para jantar.
Em janeiro deste ano, Ghorayeb teria sido “antiético” com uma terceira mulher. “Segundo o relato, o médico elogiou a aparência de Adriana, apalpou o corpo da vítima e forçou a mulher a encostar no seu pênis. Ela registrou um boletim de ocorrência no dia 28 de janeiro na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher”, relata a reportagem da “Veja”.
Adriana e Bárbara denunciaram Ghorayeb ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo. “Temos convicção de que existem outras vítimas”, afirma nota divulgada pelas duas mulheres.
Os supostos crimes teriam sido cometidos no consultório particular de Ghorayeb, no bairro do Ipiranga, região central de São Paulo. O cardiologista é professor de pós-graduação em Cardiologia do prestigioso Instituto Dante Pazzanese, da Faculdade de Medicina da USP, e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O médico é colunidsta do site Globo Esporte e escreveu quatro livros sobre medicina. Por um deles, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura, na área de ciência e saúde.
Médico diz que denúncias são inverídicas
Nota de Nabil Ghorayeb, divulgada por sua defesa, afirma que “são inverídicas, infundadas e descabidas como acusações a ele atribuídas”. O texto destaca que o médico “não consegue entender a motivação de acusações caluniosas e difamatórias, sem apresentar nenhuma prova”.
O professor do Instituto Dante Pazzanese e da Unifesp pontua que tem “mais de 50 anos dedicados à medicina, cujo resultado é o respeito dos seus pacientes, dos seus pares e da conquista de uma reputação ilibada”.
Nabil Ghorayeb garante que nunca passou por uma “situação semelhante na atividade profissional ou na vida pessoal”. O médico sustenta que tomará “medidas judiciais” contra as denunciantes.