Candidato a deputado federal repudia gestão Iris e aposta em Vitti como sucessor

04 outubro 2018 às 14h29

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Fernando Contart ainda engrossa coro da base aliada que acredita no segundo turno no Estado

Candidato ao cargo de deputado federal pelo PSB, Fernando Contart possui uma longa relação com a política goiana. Seu pai, Luiz Contart, ao lado do ex-ministro Domingos Vellasco, foi um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro (PSB) em Goiás na década de 1940. O filho, por sua vez, herdou a militância paterna e hoje, aos 66 anos, coloca seu nome pela primeira vez na disputa por uma cadeira da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Em entrevista ao Jornal Opção, Contart explica que sempre esteve nos “bastidores” da política goiana, mas agora quis fazer diferente. “Resolvi ser candidato pelo momento complicado que vivemos. A população brasileira já não tem mais confiança na política, muito menos nos políticos.” Se eleito, conta ele, quer defender as bandeiras da cidadania e bem estar social. “Minha intenção na Câmara dos Deputados é apresentar projetos de Lei que garantam qualidade de vida a todos os setores da sociedade.”
Dentre suas ideias, Fernando pretende implantar uma Lei de caráter criminal que proteja os cidadãos maltratados por funcionários públicos. “Hoje, a Lei não protege o cidadão que é maltratado, mas se ele reage com displicência, há uma placa nas costas desse funcionário lembrando-o que o desacato é crime. Por isso, quero apresentar um projeto para resguardar o mesmo direito para ambas as partes.”
Governadoriáveis
Não restam dúvidas para o candidato: haverá segundo turno em Goiás. “Tenho certeza que o José Eliton (PSDB) estará nele. A base governista nos municípios goianos ainda é muito forte.” Ele conta que o reflexo da participação do governo do Estado se torna nítido em suas viagens pelo interior. “Os últimos anos impulsionaram o desenvolvimento do Estado de maneira futurista. O apoio do Programa Goiás na Frente trouxe aos municípios um desenvolvimento muito grande. Deixar o governo como está será muito melhor do que arriscar um novo que não dará continuidade às diversas obras”, conta.
Fernando Contart acredita que o tucano irá protagonizar o segundo turno da disputa em Goiás, tendo em vista sua forte aceitação nos municípios goianos. Quanto ao senador Ronaldo Caiado (DEM), diz acreditar que ele “só foi eleito senador por Goiás graças ao apoio do MDB e do atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende.” Reforçou também que o democrata não possui uma base sólida nos interiores do estado.
Para ele, em 30 anos no Congresso, Caiado nunca trouxe nada para o Estado. “Por isso, sua candidatura não logrará êxito. Apesar do pouco tempo de convivência com José Eliton, pude perceber que é uma pessoa de caráter ilibado e competente. Ele está completamente inteirado da nossa realidade e, sem dúvidas, continuará contribuindo com o nosso desenvolvimento.”
Prefeitura de Goiânia
Quanto à gestão do emedebista Iris Rezende Machado, Fernando Contart não mede esforços para classificá-la como “péssima”. Ele conta que fez parte da administração de Iris do ano de 2005 ao ano de 2009. “Na época, sua atuação era exemplar. Há apenas uma única diferença para os dias de hoje: a prefeitura de Goiânia está sendo administrada por terceiros.” O candidato afirma que sabe de casos em que o emedebista autorizou nomear diversos servidores para cargos comissionados na prefeitura, porém, “ao passarem pelo crivo de outras pessoas, foram vetados”.
Para ele, tendo em vista que toda a parte estrutural da capital é comandada pela Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo (Seplanh), é possível enxergar o que define como “participação latente” por parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese). “Basta averiguar o envolvimento desse Conselho com os projetos da Prefeitura de Goiânia.” Paralelo a isso, não deixou de questionar o envolvimento de Íris de Araújo, esposa do prefeito, e Ana Paula, uma de suas filhas, nas decisões tomadas pelo Executivo municipal.
Quanto ao Plano Diretor do município, o candidato argumenta em tom de brincadeira: “Qual?”. Disse acreditar que “fizeram um carnaval com esse Plano” e, em seu ponto de vista, há uma grande participação do Codese em sua elaboração. Argumenta que apesar de haver benefícios para os cidadãos, existem também benefícios para as empresas e empresários envolvidos em seu desenvolvimento. “Empresários visam lucro e só trabalham em favor próprio. Se tem alguém beneficiado com esse plano são os grupos interessados em sua aprovação.”
“Na época, o comando dessa Secretaria esteve nas mãos do então vice-prefeito, Agenor Mariano (MDB). O mesmo que hoje concorre ao cargo de Senador da República. Ele foi colocado no cargo como um homem de confiança da família Iris. Ou seja, é o grande responsável por esse Plano Diretor que até hoje não foi concluído.”
Rompimento com Iris Rezende
“Eu queria estar ao lado de Iris na campanha de 2016, porém, ele me assegurou que não seria candidato. Aí eu declarei publicamente o meu apoio à campanha da Adriana Accorsi (PT). Uma semana depois ele anunciou sua candidatura”, conta. Foi assim que começou o entrave. Contart se negou a recuar e manteve sua postura. “Eu não seria incoerente como ele foi”, justifica.
O candidato assegura que as redes sociais de seu mais novo adversário político eram “comandadas” pela família do então candidato Iris Rezende. “Em 2016, após os perfis começarem a atacar veementemente o Paulo Garcia (PT), eu fui para o combate pois achei uma atitude de extrema injustiça. A minha postura obviamente desagradou muitos dos que estavam ao lado de Iris Rezende na época.”
Fernando Contart considera que o atual prefeito de Goiânia “se omitiu ao permitir que companheiros fossem perseguidos, discriminados e vetados”. Afirma que só se posicionou como verdadeira oposição de Iris quando demitiram sua neta —que ocupava um cargo na Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), por meio de um contrato provisório— grávida. “Chamaram ela e perguntaram se era minha filha. Ela respondeu que não, mas disse que era minha neta. Logo, foi informada que havia uma ordem do gabinete para que o contrato fosse rompido.” O candidato afirma que o caso ainda corre na Justiça.
Contart alega que ainda sofre perseguições na Prefeitura. “Me tiraram o direito de gozar duas licenças prêmios e alteraram o meu cadastro funcional. As nomenclaturas dos cargos que ocupei durante 12 anos interruptos foram modificadas e ninguém pôde resolver isso por mim, mas estou reivindicando meus direitos judicialmente em ambos os casos.”
Sucessão do cargo
O goianiense lembra que a candidata à reeleição, senadora Lúcia Vânia (PSB), já havia cogitado uma possibilidade para 2020. “O nome do atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Vitti já havida sido colocado por ela. Sou fiel a Lúcia e o candidato apontado por ela terá o meu apoio.” Paralelo à colocação, Contart assegurou que Vitti é um homem sério, equilibrado e ficha limpa. “Sem contar que ele não persegue ninguém. Inclusive, os próprios deputados da oposição o elogiam. Ele é um homem do bem e se for candidato à prefeitura de Goiânia, estarei ao lado dele até que me provem o contrário de tudo o que acredito.”
Senado Federal
Fernando é um fiel escudeiro da base aliada. Justifica seu posicionamento enaltecendo a atuação “evoluída” de Lúcia Vânia (PSB) em Brasília. “Ela já proporcionou diversos recursos, por meio de emendas parlamentares, para o Estado. Sem contar que é uma pessoa do bem, íntegra e honesta”, defendeu.
Quanto ao ex-governador Marconi Perillo (PSDB) —que também disputa uma vaga no Senado Federal— Contart ressalta que todos os que estiveram com ele em 1988 ainda estão ao seu lado. “O que isso significa? Que ele é um homem leal, comprometido com seus companheiros e seu Estado.”