O Ministério das Mulheres e a Secom, em parceria com o Governo Federal, estão levando a campanha Feminicídio Zero para os estádios de futebol, com o objetivo de transformar o tradicional minuto de silêncio em “Um Minuto Sem Silêncio”. A ação ocorre neste sábado, 28, às 17h, durante a partida entre Vila Nova e Botafogo-SP pela Série B do Campeonato Brasileiro, com transmissão ao vivo pela TV Brasil.

O futebol, sendo uma paixão nacional, oferece uma plataforma de alta visibilidade, tornando os estádios um espaço ideal para promover a conscientização sobre o combate à violência contra as mulheres. Essa iniciativa visa engajar a sociedade na luta contra o feminicídio, enfatizando a importância de agir e denunciar qualquer ameaça.

Inspirada no tradicional minuto de silêncio antes dos jogos, a campanha convida o público a transformar esse momento em um grito de conscientização. Durante o “Um Minuto Sem Silêncio” , todos no estádio serão chamados a entoar o grito: “Feminicídio / Eu não tolero / Se ameaçar, eu vou ligar 180.”

A ação ocorrerá no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, em Goiânia, durante o jogo entre Vila Nova e Botafogo-SP. Além de aderirem à ideia, os dois clubes incentivaram suas torcidas organizadas a participarem do movimento, promovendo a campanha em suas redes sociais.

Campanha Feminicídio Zero | Foto: Divulgação

Violência contra a mulher bate recorde

Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revelam um aumento preocupante na violência contra a mulher no Brasil em 2023. O número de feminicídios subiu 0,8% em comparação ao ano anterior, totalizando 1.467 mulheres assassinadas por razões de gênero, o maior índice desde a promulgação da Lei do Feminicídio em 2015.

Além disso, houve um crescimento expressivo em outras formas de violência contra a mulher:

  • Agressões em contexto de violência doméstica: aumento de 9,8%;
  • Ameaças: aumento de 16,5%;
  • Perseguição e stalking: aumento de 34,5%;
  • Violência psicológica: aumento de 33,8%;
  • Estupro: aumento de 6,5%.

O perfil das mulheres mortas de forma violenta permanece estável. As principais vítimas são negras (66,9%), com idade entre 18 e 44 anos (69,1%). O FBSP destaca que os casos de feminicídios não são distribuídos de forma homogênea pelo país. Enquanto a média nacional é de 1,4 mulheres mortas por grupo de 100 mil mulheres, 17 estados têm números mais altos, como Rondônia (2,6), Mato Grosso (2,5), Acre (2,4) e Tocantins (2,4). Por outro lado, estão abaixo da taxa brasileira Ceará (0,9), São Paulo (1,0), Alagoas (1,1) e Amapá (1,1).

Essas modalidades de violência impactaram mais de 1,2 milhão de mulheres no Brasil no ano passado. A única exceção no aumento da violência foi o crime de homicídio, que registrou uma queda marginal de 0,1%, com quatro casos a menos em comparação a 2022.

O relatório do FBSP sugere que o aumento nos registros de feminicídio, em um contexto de queda geral nos homicídios, pode ser explicado pela melhora no reconhecimento e na tipificação do feminicídio por parte dos profissionais do sistema de Justiça e, especialmente, dos policiais que fazem o primeiro registro da ocorrência. O aprimoramento na identificação correta do crime contribui para uma maior precisão nos dados sobre esse tipo específico de violência.