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Procuradoria da Casa avalia como tratará decisão judicial que impede Zander Fábio (PEN) de permanecer no mandato

Presidente Andrey Azeredo | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção

Afastado do mandato de vereador por 180 dias, Zander Fábio (PEN) segue com futuro indefinido na Câmara Municipal de Goiânia.

Apesar de ter sido notificada e, consequentemente cumprido a decisão do juiz Marcelo Fleury Curado Dias, da 9ª Vara Criminal, a mesa diretora do Legislativo goianiense ainda aguarda posicionamento da Procuradoria-Geral para decidir como proceder após o afastamento.

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Isso porque, em tese, o primeiro suplente da coligação, Carlos Soares (PT), deveria assumir no lugar de Zander. Contudo, o presidente Andrey Azeredo (PMDB) explicou, durante entrevista na última quarta-feira (6/9), que o procedimento não é tão simples assim.

“Ainda está sob análise a possibilidade legal ou não de convocar o suplente. A convocação não é explicitada pelo juiz na decisão, então para que não paire dúvidas quanto à legalidade dos atos, encaminhamos para a procuradoria da Casa para que ela se manifeste sobre o ato”, explicou.

Caso o suplente seja convocado, mais incertezas surgem sobre o caso, como a situação dos funcionários do gabinete, bem como à remuneração do afastado e do “novo” empossado. “A Casa cumpre decisão judicial e a lei, se for estabelecida a convocação do suplente, amparada na Legislação, a Casa custeará as obrigações em dia, como sempre o faz”, garantiu o presidente.

Questionado se o envolvimento de vereadores na Operação Multigrana, que investiga desvios de dinheiro dos parques Mutirama e Zoológico da Prefeitura de Goiânia, prejudicaria a imagem do Legislativo, Andrey Azeredo reconheceu que sim: “Sem sombra de dúvidas gera desgaste a toda a classe política, não só goianiense mas goiana e brasileira”.

O caso

Zander discursa em sua defesa após ser denunciado pelo MP-GO | Foto: Alexandre Parrode/ Jornal Opção

O juiz Marcelo Fleury Curado Dias, da 9ª Vara Criminal de Goiânia, determinou, no dia 31 de agosto, o afastamento cautelar de Zander Fábio (PEN) de seu mandato como vereador por 180 dias ou até a conclusão da instrução processual, acatando pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), por envolvimento nas irregularidades apuradas pela Operação Multigrana.

O magistrado entendeu que o afastamento se faz necessário pois, segundo a denúncia, ele teria usado sua influência política e o cargo de vereador na legislatura passada (2013 a 2016) para a prática dos crimes.

Além disso, foi determinado o bloqueio dos bens de todos as 10 pessoas denunciadas pela MP, inclusive o ex-presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), Dario Paiva e o ex-diretor do mesmo órgão Geraldo Magela. (Veja lista abaixo)

A decisão é resultado da Operação Multigrana, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP no dia 23 de maio deste ano. As investigações apontaram que o esquema operou, pelo menos, de 2014 a 2017 e que, só no período de maio de 2016 a dezembro do mesmo ano, foram desviados mais de R$ 2 milhões.

A organização desviava dinheiro das bilheterias do Parque Mutirama e do Zoológico de Goiânia. Os dez denunciados pelo MP foram acusados da prática dos crimes de organização criminosa e peculato.