Governadoriável democrata foi acusado na última semana de ter votado contra a PEC do trabalho escravo no Congresso. Entenda

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Os candidatos ao governo de Goiás enfrentaram na última semana os três primeiros debates na TV e rádio. Realizado na manhã da última segunda-feira (27) na Interativa FM, o primeiro programa teve troca de farpas e poucas propostas entre os candidatos e, entre as acusações, Weslei Garcia (PSOL) lembrou que o democrata Ronaldo Caiado votou contra a PEC do trabalho escravo, na época em que o assunto estava em vigor, no ano de 2012.

Ao Jornal Opção, Weslei contou que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do trabalho escravo servia pra reconhecer que existe este tipo de ocupação no país e para corrigir essa demanda, criando especificações.

“Caiado foi contra tudo isso, contra as pessoas que trabalham além do que é estabelecido pela lei, de forma precária e insalubre e sem remuneração adequada a são impostas”, disse.

À reportagem, o deputado estadual e candidato ao Senado Luis Cesar Bueno (PT) também falou sobre o assunto. Segundo ele, os direitos trabalhistas têm tido uma ofensiva muito grande em projetos de lei, como foi o caso do projeto da reforma trabalhista.

Já sobre a PEC do trabalho escravo e a participação de Caiado na votação, o petista é categórico ao afirmar que o candidato sempre esteve a favor de quem explora trabalhadores.

“No Senado ou na Câmara, quando deputado, Ronaldo Caiado sempre esteve a favor da defesa dos latifundiários que dependem da exploração sobre humana dos trabalhadores”, repetiu o senatoriável.

PEC do trabalho escravo

A PEC, que começou a tramitar em 1999 no Senado, onde foi aprovada de imediato e, na Câmara, aprovada em primeiro turno em 2004, teve o segundo turno da votação, só em 2012. E, dois anos depois, em 2014, teve sua apreciação concluída novamente pelo Senado. Porém, até hoje, divergências sobre trabalho escravo atrasam a regulamentação.

Caiado votou favorável ao texto na primeira votação, mas refluiu na segunda apreciação anos depois, alegando que havia sido descumprido acordo firmado anteriormente.

Histórico

Algum tempo após passada a polêmica da PEC do trabalho escravo, entre 2012 e 2013, a revista Carta Capital realizou denúncia contra Caiado, ainda envolvendo a exploração de trabalhadores.

Na reportagem, de 2014, o veículo acusou o governadoriável democrata e mais 60 candidatos de financiar a campanha, à época, por meio de empresas que constam na ‘lista suja’ do Ministério do Trabalho por serem flagradas com trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Já mais recentemente, em 2017, o senador Ronaldo Caiado também apoiou o decreto do presidente Michel Temer (MDB) que “acoberta o trabalho escravo no Brasil por meio da distorção de conceitos e da criação de obstáculos que dificultam a tipificação do crime”, conforme publicaram alguns veículos de comunicação.

Apesar de ser adversário de Temer, Caiado não fez qualquer objeção pública à matéria.

Parentes

Ainda em 2014, outra denúncia que envolvia Caiado foi alvo da imprensa. Na época, o pecuarista Antônio Ramos Caiado Filho, tio de Caiado, esteve entre os 91 incluídos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na relação de empregadores flagrados com trabalho escravo, a chamada “lista suja”.

Segundo o site Repórter Brasil, Antônio foi considerado responsável por submeter quatro pessoas, na função de carvoeiros, a condições degradantes e a jornadas exaustivas na produção de carvão em sua fazenda em Nova Crixás, a 400 km de Goiânia, e um dos redutos da família.

“Os resgatados afirmaram que foram obrigados a cumprir jornadas de até 19 horas seguidas, ‘das 2h às 21h’, nas palavras de um dos trabalhadores”, afirmou o veículo.