Caiado e prefeitos debatem fiscalização no feriado de Páscoa e pedem para população permanecer em casa
31 março 2021 às 12h49
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13 cidades consideradas turísticas receberam batalhões de reforço para a fiscalização do cumprimento do decreto; o objetivo é reduzir demanda por leitos de UTI, que na rede estadual está com 94% de ocupação
Com a determinação de ponto facultativo no dia 1º de abril, véspera do feriado de Sexta-feira Santa, o governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), realizou transmissão ao vivo com a participação de membros do Governo e prefeitos dos municípios goianos. O objetivo do encontro foi o esclarecimento das medidas a serem tomadas durante o feriado de carnaval, em razão da flexibilização do comércio que começou nesta quarta-feira, 31, a partir do modelo 14 por 14 disposto em decreto estadual.
Durante a live, todos os gestores se mostraram preocupados com possíveis aglomerações que possam ocorrer durante o feriado e o final de semana, que podem acarretar piora no quadro de contágio do novo coronavírus. Na transmissão, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), parabenizou os prefeitos que optaram por seguir as regras estaduais e ressaltou a importância da unificação de medidas durante o crítico momento de crise sanitária enfrentado pelo estado.
Ainda, aproveitou a oportunidade para pedir que as pessoas se mantenham em casa nos próximos dias, mesmo com a oportunidade dada aos comerciantes de reestabelecerem suas condições financeiras, a partir da flexibilização. “Peçam a população das cidades de vocês para que o fluxo de pessoas não aumente durante esse período de feriado que se inicia hoje, a partir das seis horas da tarde”, reforça o governador, em consenso com Rogério Cruz.
Reforço na fiscalização durante o feriado
O atual secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, pede apoio aos gestores municipais no reforço do combate às festas clandestinas até a próxima segunda-feira, 05. O secretário ainda mencionou que os prefeitos que desejarem instalar barreiras sanitárias para evitar a entrada de turistas durante esse período, podem solicitar à Secretaria. Até a redação desta matéria, somente os municípios de Pirenópolis e Aruanã haviam realizado a requisição.
Segundo o comandante-geral da Polícia Militar de Goiás (PM-GO), coronel Renato Bruno, por determinação do Governo Estadual e da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), através da Operação 232, serão encaminhadas unidades especializadas para reforçar a fiscalização em 13 cidades, que foram classificadas como detentora de grande potencial turístico ou que solicitaram o apoio.
Aos municípios de Alto Paraíso, Aragarças, Aruanã, Britânia, Buriti Alegre, Caldas Novas, Itacaiú, Goiás, Luiz Alves, Pirenópolis, Rio Quente, São Simão e ao distrito de Bandeirantes, serão enviadas unidades como o Batalhão de Eventos, de Choque, o Rural, o Ambiental e o Comando de Operações de Divisa (COD). Às demais cidades, o Governo Estadual redirecionou um total de R$138 mil com o objetivo de ter mais agentes civis administrativos nas ruas, para apoio do policiamento. “Os demais prefeitos que precisarem de apoio no cumprimento do decreto precisam entrar em contato com o comandante local, para que possamos viabilizá-lo”, explica o coronel.
Profissionais da linha de frente
O governador Ronaldo Caiado (DEM) ainda explica que apesar de a fiscalização estar ocorrendo em seu máximo potencial, não há profissionais o suficiente para suprir a demanda equivalente à população goiana. “Também peço que as pessoas fiquem em casa pelos profissionais de segurança, que estão na linha de frente. Na Polícia Civil, já perdemos 48 pessoas para a Covid-19, e na Polícia Militar, entre óbitos e aposentadorias, perdemos mais de mil e quinhentos profissionais”, desabafa o governador.
De acordo com Caiado, atualmente, pelo tamanho da população goiana, seria preciso entre 32 mil e 36 mil policiais militares, para que a demanda de inspeção fosse suprida de forma efetiva. Entretanto, o estado conta somente com 12 mil agentes. “É preciso que se entenda que não temos número o suficiente para ampliar a oferta de profissionais aos municípios. A polícia tem se dedicado ao máximo, mas não temos como ter uma estrutura consolidada em cada cidade do estado. Até o momento, já multiplicamos cargas horárias dos policiais exatamente para conseguir atender o máximo possível”, esclarece o chefe do Executivo Estadual.
Ronaldo Caiado ainda explica que não tem a possibilidade de convocar novos profissionais para repor o número perdido, devido a um bloqueio por parte do Tesouro Nacional. Caso descumprido, o governador explica que o repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que visa equalizar a capacidade fiscal das unidades federativas, seria confiscado. “O Ministério de Economia me impôs essa condição em razão de crimes cometidos em governos municipais anteriores, e se eu descumprir, as penalidades ao estado serão gravíssimas”, relata.
Situação epidemiológica de Goiás
Como justificativa a solicitação do chefe do Executivo Estadual, para que a população evite se aglomerar durante os próximos dias, a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, aproveitou o momento para apresentar aos parlamentares a atual situação epidemiológica de Goiás. Ela explica que, apesar da fila de espera por leitos em hospitais ter estabilizado, ela ainda existe e permanece grande. “A situação ainda é grave. Estamos em cenário de calamidade”, pontua. Em complemento, a superintendente apela aos prefeitos para que ajam em prol da atualização mais rápida dos casos confirmados e de óbitos pela Covid-19 no mapa de monitoramento da doença no estado.
Segundo extrato disponibilizado pelo Governo de Goiás, a taxa de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública estadual de saúde se encontra em 94,48%, com somente 29 leitos disponíveis. Já na enfermaria, essa porcentagem cai para 78,6%, com 150 unidades vagas.
“Nós sabemos que os casos confirmados da segunda onda já devem ter ultrapassado os da primeira, mas nem todos esses casos foram registrados pelos municípios até o momento, então peço a ajuda de todos os prefeitos, com a colaboração de suas respectivas equipes de saúde”, diz Flúvia.
De acordo com os dados apresentados, Goiás já atingiu a marca de 106 óbitos por Covid-19 ao dia, número muito acima dos registrados no início da 1ª onda, que atingiram cerca de 60 mortes ao dia. “Este é o momento de preservar vidas, e para isso, medidas restritivas são necessárias. É melhor que tomemos um remédio amargo por menos tempo, que optemos por um mais doce e tenhamos que tomá-lo por tempo indeterminado”, diz. Flúvia ainda usa como exemplo de isolamento rigoroso a cidade de Araraquara, em São Paulo, que se manteve 1 mês em lockdown e diminuiu os casos da doença em 58%.
Perspectivas posteriores
Até o momento, conforme dados expostos pela superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, 540 mil doses imunizantes contra a Covid-19 já foram aplicadas e Goiás, fazendo com que mais de 5% da população goiana já tenha recebido a primeira dose da vacina. A previsão, segundo o governador Ronaldo Caiado, é que com o andamento da imunização, até a segunda quinzena de abril, a demanda por leitos em hospitais diminua. “Com a vacinação, teremos tranquilidade e vamos poder dar continuidade ao nosso trabalho, mas para isso, precisamos ficar atentos e endurecer a fiscalização para que os protocolos sejam cumpridos durante os dias de abertura do comércio”, pontua.
Para continuidade da vacinação de forma organizada, Flúvia Amorim ressalta a importância de que os gestores dos respectivos municípios goianos garantam o agendamento da imunização. “Caso não tenham recursos próprios, o governo Estadual disponibilizou uma plataforma de agendamento que pode ser utilizada por todos os municípios. O agendamento é fundamental para a não aglomeração durante o recebimento das doses da vacina contra a Covid-19”, conclui a superintendente.